O Atlético foi derrotado pelo Vasco em São Januário, chegou à 12ª partida consecutiva sem vitória e optou (em comum acordo com o treinador) por interromper o trabalho de Gabriel Milito. Até eu, defensor convicto de continuidade de trabalho de treinador, esgotei meus argumentos para defender a sequência do argentino. Foi muito mal na reta final do ano, e a saída é compreensível. Mas, definitivamente, o técnico não era o maior problema do Galo.
Milito chegou a duas finais com um elenco desequilibrado. Na decisão da Libertadores, por exemplo, as alternativas ofensivas usadas por ele para tentar mudar o panorama do jogo foram Eduardo Vargas e Alan Kardec, dois nomes que constavam como fora dos planos na apresentação do grupo feita ao treinador no momento da contratação dele, lá em março.
Cá entre nós: Kardec e Vargas produziram algo de março a dezembro pra justificar uma reviravolta tão grande, de cartas fora do baralho a opções imediatas na final da Libertadores? Não, né? Pois é. Por mais que Milito tenha sua relevante parcela de culpa, o buraco é mais embaixo (ou mais em cima, neste caso).
O comando do clube é pouco atuante. Ao contrário de todas as outras SAFs, quem manda no Atlético raramente aparece - e não me venham com discurso de “low profile”, porque nos bons momentos apareciam toda hora.
Falta proximidade com o torcedor. Falta gente que entende de bola em cargos de liderança. O CEO (com todo respeito ao Bruno Muzzi, que me parece íntegro e honesto) não tem know-how pra ocupar o cargo que ocupa. E nesse caso a culpa é de quem coloca lá. Se colocarem o Guardiola pra cuidar de uma construtora, vai acumular fracassos. É óbvio.
Começa, agora, a insuportável era das especulações. Tem gente no Atlético com a audácia de dizer que Artur Jorge é um dos nomes cotados. É chamar o torcedor de bobo mais uma vez com uma tentativa ridícula de desviar o foco. Por que Artur Jorge trocaria o Botafogo (que tem elenco forte, investimento e Supermundial em 2025) por um clube que não consegue emplacar um trabalho longevo de treinador há uma década? Tem que ser muito inocente pra acreditar nesta possibilidade.
Boa sorte ao Atlético pra tentar convencer o próximo treinador, seja quem for. A camisa é pesada, gigante, histórica. Trabalhar no Atlético é (ou deveria ser) uma honra pra qualquer um. Tomara que o próximo técnico olhe mais pra nossa história do que pro nosso presente sombrio. Caso contrário, a resposta natural é um sonoro “não, obrigado”.
Acorda, Galo!
Saudações.