Olá, nação azul! É com muito prazer que inicio hoje a missão de trazer até vocês opiniões e análises do Cruzeiro. Humildemente peço sua companhia neste espaço com a experiência de ter vivido in loco importantes momentos da história do clube estrelado, incluindo os títulos nacionais da última década, e também acompanhado o renascimento do Cruzeiro por meio da SAF.
A bem da verdade, quando a temporada 2024 se iniciou e as lembranças de um 2023 sofrido e com um respiro apenas nas últimas rodada da Série A ainda estavam presentes na memória, não conservava a ilusão de grandes feitos do Cruzeiro, mas, sim, a sequência de importantes avanços administrativos e a austeridade sugestiva da gestão Ronaldo. A própria queda catastrófica na Copa do Brasil corroborava com meu pensamento.
Mas, depois de uma mudança de rumo inesperada entre a final do Mineiro e a fase de grupos da Copa Sul-Americana, o Cruzeiro devolveu ao torcedor a esperança de dias melhores - ainda mais visíveis e tangíveis - sob o comando de Pedro Lourenço. O dinheiro foi investido, os reforços chegaram, contratos foram renovados e a estrutura foi recondicionada em busca de resultados.
E eles precisam ser muito melhores do que as últimas partidas vêm demonstrando. O Cruzeiro estagnou após a apoteótica vitória sobre o Botafogo. Desde então, o time tornou-se instável, incoerente, pragmático e também dominável. Existe, obviamente, a grande classificação sobre o Boca Juniors, exorcizando demônios contra times argentinos que assombravam há anos, mas mesmo naquele jogo o Cruzeiro teve, por vezes, mais sorte do que juízo, aceitando uma pressão do time adversário, que atuava no Mineirão com um a menos desde o primeiro minuto.
E, contra o São Paulo, na última rodada do Brasileirão, o time acabou facilmente capturado por uma equipe que estava - e está - muito mais interessada nas Copas do que em sua situação, até certo ponto, estabilizada dentro do Brasileirão. Em momentos assim, não há mistério. Existe, sim, dedo do técnico nas tomadas de decisões e compreensões táticas erradas do time.
E se há por parte de Fernando Seabra o reconhecimento da previsibilidade que o time vem apresentando diante dos adversários, caberá a ele dar respostas que amenizem e até mesmo cessem a pressão que paira sobre sua cabeça. Compreendo quando Cássio chama para todo o elenco a responsabilidade sobre o momento do Cruzeiro. É uma pressão compartilhada. Mas a melhor forma de externar apoio ao técnico é dentro de campo, dando a resposta necessária em um momento de decisão.
A Copa Sul-Americana é um importante passo dentro deste processo de reconstrução da Raposa no cenário nacional e internacional. E se a carapuça vem servindo desde o vexame para o time reserva do São Paulo, chegou a hora de todos a vestirem, de Seabra ao grupo de jogadores. Sair de Assunção vivo, com um bom resultado, poderá reativar o fôlego do Cruzeiro e, especialmente, conceder mais tranquilidade a Seabra.
Esse mesmo time já mostrou que pode jogar muito mais do que vem mostrando. Muitos estão devendo. E não é só Fernando Seabra. Todavia, na gangorra do futebol brasileiro, por seu currículo ainda modesto, o treinador sabe que é o elo mais fraco.