Fiquei até surpreso quando o alvo da diretoria do Cruzeiro, especialmente comandada pelo CEO Alexandre Mattos, voltou seus olhos ao mercado de técnicos e estabeleceu como alvo Leonardo Jardim. O profissional é simplesmente um comandante da prateleira de cima do futebol mundial, acumulando títulos em quatro países diferentes, além de uma taça continental - a Champions Asiática com o Al-Hilal em 2021. 

Não previa esse movimento tão ousado da SAF do Cruzeiro. Ótimo que ele foi feito. Isso mostra também a ambição do projeto que está sendo desenvolvido. De fato, em termos de currículo, ele é o técnico português mais renomado que chega ao Brasil desde Jorge Jesus, que foi anunciado pelo Flamengo em 2019 tendo em sua trajetória, dentre outras conquistas, três Ligas Portuguesas. 

Além disso, o torcedor do Cruzeiro pode esperar uma equipe agressiva, ofensiva, que busca triangulações, transições, que até sai tocando a bola no campo defensivo, mas faz isso com objetividade e velocidade, justamente para evitar que as linhas adversárias subam e vire aquele Deus nos acuda da famigerada era Fernando Diniz. 

E claro, Leonardo Jardim precisará de tempo para implementar sua filosofia e trabalhar o elenco. O torcedor celeste precisa compreender os processos, porque a experiência de comandantes portugueses na Toca da Raposa, especialmente de Pepa, mostrou que muitas etapas foram queimadas antes da hora e as consequências vieram. 

Leonardo Jardim também tem um temperamento forte e isso, ao meu ver, é até um ponto extremamente positivo em um elenco que precisa de um comando firme. Ter este profissional de gabarito, que assume as responsabilidades, é extremamente importante dentro de um trabalho que mira grandes objetivos e está recheado de atletas renomados. 

É uma evolução considerável sair de Fernando Diniz para Leonardo Jardim. Basta lembrar que Jorge Jesus, por exemplo, recomendou o compatriota para assumir o Flamengo há alguns anos e, desde então, o profissional sempre esteve na mira das especulações do clube rubro-negro, mas este acerto com o profissional, que já se aventurava nos petrodólares do Oriente Médio, jamais ocorreu. O Cruzeiro, em uma cartada certeira, fez isso acontecer com extrema agilidade, comprovando também que vive, de fato, um outro patamar em termos de capacidade de atrair grandes profissionais. 

Dentro de todo cenário, que inclusive contou com Renato Portaluppi entre os candidatos, a escolha de Jardim foi o melhor caminho em termos de projeto. Resta agora dar paz para que o homem trabalhe, rompendo com os laços do imediatismo que rondam a nova SAF do Cruzeiro. O profissionalismo da gestão também passa pela convicção na escolha do técnico.