Logo após a derrota para o Internacional por 3 a 0, o Cruzeiro publicou uma nota oficial sobre o erro de arbitragem que selou o destino daquele confronto. O comunicado trazia um desabafo e o seguinte título: "Estamos cansados". Isso pode ser ampliado em relação ao time, porque o torcedor, de fato, está cansado dos vexames acumulados e das desculpas prontas para o desempenho ridículo que vem sendo apresentado. 

O Cruzeiro parou na partida contra o Botafogo no Nilton Santos. Desde então, trocaram-se técnicos, vieram jogadores, criou-se uma expectativa de busca por títulos, alimentada pela própria diretoria e nenhuma mudança prática tem sido vista. Os erros se amontoam, trazendo uma desmotivação absurda no torcedor, esse sim, o único que tem cumprido o seu papel, basta pegar a média de público, a presença eufórica no Mineirão no início deste ano para saudar os novos reforços, as vendas de camisas e etc. 

Está faltando vergonha na cara de muita gente. Da diretoria aos atletas. O Cruzeiro tomou uma aula de futebol do Mushuc Runa dentro do Mineirão, um clube que iniciou sua trajetória na tentativa de ingressar na segunda divisão do Equador em 2009. Com todo respeito ao adversário, muito simpático com seus trajes típicos e história, mas essa é uma vergonha gigantesca para a Raposa. Uma mácula que precisa gerar constrangimento dentro da Toca. 

Tem me incomodado bastante o discurso relacionado a este elenco. O desequilíbrio é evidente. Todos sabemos. Mas isso não é desculpa para as apresentações pífias que temos visto. No mínimo, organização o Cruzeiro precisa ter. Porque, caso contrário, avisem ao torcedor que não vão jogar, porque aí ninguém precisa comparecer ao Mineirão para fazer papel de palhaço.

O Cruzeiro possui uma folha de 20 milhões de reais, com salários em dia, estrutura e investimento. Não se pode simplesmente ignorar isso, rasgar dinheiro e aceitar que não tem jeito. E aí vai o recado para o professor Jardim, que insistentemente tem se eximido da responsabilidade pela montagem deste elenco. Sim. É um ponto válido que ele possui, totalmente pertinente. Mas cabe ao treinador encontrar soluções e não falar abertamente que não conseguirá resolver o problema defensivo, por exemplo, mesmo treinando 100 vezes.

A passividade do Cruzeiro é assustadora. Onde está o comando? Onde está a voz ativa da direção de futebol? Onde está o CEO do Cruzeiro? Onde está seu diretor de futebol? É inadmissível que um time com a história que possui se comporte desta forma, aceitando derrotas, vexames, como se tudo fosse parte de uma rotina, recordando que há algum tempo, as coisas estavam piores. Chega. Isso já passou. O dono deixou claro seus objetivos ambiciosos de conquista de títulos, hoje mais próximos de uma briga desesperada contra o rebaixamento. 

O Cruzeiro, sinceramente, é um time acomodado, que gosta dos microfones, de discursos e que não tem ação. O momento pede silêncio. O torcedor não quer saber de entrevistas. A bem da verdade, ouvir a voz dos jogadores e as mesmas ladainhas pós-jogo, traz ainda mais cansaço. 

Já tinha dito em colunas anteriores sobre trabalhar em silêncio e aparar as arestas. O momento pede fechar a boca. Fazer uma reunião direta e franca, colocar todas as circunstâncias que incomodam neste encontro e caminhar em busca de uma unidade. Se o jogador não gostou da fala do dono, que fale diretamente para ele. Se não gostou de ser substituído, como o senhor Wanderson ontem, de biquinho, exponha isso. Mas o que não pode é guardar tudo isso para si e chegar em campo sem o mínimo de comprometimento. Isso preciso de um basta.