Pode não ter sido contra o mais forte São Paulo à disposição de Zubeldía, que entrou em campo com importantes desfalques, como a ausência de Lucas Moura, Oscar e Calleri. Mas o Cruzeiro teve postura de time, bem diferente do show de horrores protaganizado contra o modesto Mushuc Runa.
No fim das contas, arrancar um empate fora de casa contra o São Paulo, um time que historicamente sempre foi uma pedra no sapato, pode ser considerado positivo, ainda mais pelo contexto de pressão e a capacidade de reação, já que a equipe ainda saiu atrás no placar.
O esquema com três volantes pode ser mais experimentado, até porque, neste momento, parece ser o melhor posicionamento para uma tentativa de contar com Lucas Silva. Matheus Pereira, aos poucos, vai se readequando dentro do time, porque uma coisa é treinar, e outra bem diferente é estar em ritmo de jogo.
No ataque, sinto que deixar Dudu e Gabigol no banco é muito mais do que uma questão tática. Passa um recado. Jardim quer jogadores com mais mobilidade e que ajudem a marcar, além de existir, obviamente, uma sequência de jogos e também o estudo dos adversários, já que ele molda seus times de acordo com o que vai enfrentar.
O português mostrou coragem ao promover essas mudanças, uma sacudida para tirar muita gente da zona de conforto e da acomodação que, de fato, vem fazendo o Cruzeiro padecer desde a temporada passada. O coletivo precisa ser a busca desta equipe, que ainda carece de identidade.
O que sinto no clube é que, muitas vezes, o que impera é o cada um por si. De quem manda a quem obedece. Isso precisa ser extirpado. O pensamento precisa ser único, em prol de objetivos e dos ideais estipulados. Que o resultado, mesmo que não tenha sido de vitória, possa impulsionar o Cruzeiro a encontrar-se nesta temporada. Será ainda uma árdua missão e todos precisam estar muito envolvidos neste resgate da confiança, inclusive quando o técnico compreender que o estilo de jogo não vai se adequar à sua necessidade naquele momento.
Mas creio que o Cruzeiro ainda terá que expulsar muitos "demônios" internos nesta caminhada. Há ainda muitas pontas soltas, dos bastidores ao campo de jogo, e claro, muito ego envolvido. Mais do que o campo de jogo, a batalha está dentro do próprio Cruzeiro, ao que me parece neste momento, seu maior adversário.
O desafio, além de encontrar um time, é ter harmonia.