Tudo bem que houve um claríssimo erro de arbitragem que, independentemente do resultado, lesou o Cruzeiro em Mirassol. Mas me incomodou bastante a demora do mister Jardim em promover alterações no time. Comparo o que vem acontecendo — e não foi a primeira vez, diga-se de passagem — àquele amigo que prefere dar mais uma volta com o carro na reserva, em vez de resolver o problema rapidamente e ir ao posto mais próximo para evitar que o veículo pare no meio da estrada. O problema é que o Cruzeiro tem parado no meio do caminho. 

Praticar o futebol de intensidade proposto por Jardim exige um preparo físico altíssimo, e houve partidas em que o time realmente estava em outra rotação, como nos jogos contra Flamengo e Palmeiras. Porém, uma hora ou outra, alguém vai abrir o bico. É impossível disputar uma partida como se se estivesse correndo atrás de um prato de comida durante 90 minutos. Por isso, o Cruzeiro, muitas vezes, tenta ser letal para abrir vantagem e, depois, administrar o resultado, jogando por uma bola para ampliar o placar ou se defendendo com qualidade.

Mas, como já disse, isso nem sempre vai funcionar, ainda mais em um calendário brasileiro que é uma verdadeira prova de resistência. E olha que o Cruzeiro nem é um dos times que mais entraram em campo neste ano — foram 40 jogos até agora. Para se ter ideia, o Flamengo já jogou 50 partidas, e o Fluminense, 53.

Incomodam também outras questões que podemos abordar em colunas futuras, mas que reverberam diretamente na questão das substituições. Walace, amarelado, foi mantido em campo, mesmo sendo evidente que ele estava receoso de dar o bote e acabar expulso. Não vou entrar no mérito de ele ser uma boa contratação ou não, ou se está rendendo como se esperava, mas parece pouco razoável manter um atleta na berlinda diante de um adversário que se lançou todo ao ataque ao perceber que o Cruzeiro havia recuado.

E o gol de Negueba, para completar, saiu justamente em uma jogada sobre Walace...

Há quem releve as decisões do Mister depois de ouvir a coletiva, especialmente quando ele fala sobre a questão dos laterais. Mas, na minha visão, é inconcebível morrer abraçado com substituições a fazer — e não fazê-las. Isso vale para qualquer treinador. Muitos vão dizer que o banco não tem o mesmo nível. Tudo bem. Sabemos do cobertor curto, ainda mais nesta partida contra o Mirassol, quando o Cruzeiro entrou em campo com múltiplos desfalques. Porém, na minha opinião, era possível entregar algo melhor.

Outro ponto relativo às substituições: Lautaro? Nos nove jogos anteriores ao duelo com o Mirassol, o argentino havia jogado apenas um minuto. Não parece razoável, com o time precisando vencer, apostar nele para ajudar a decidir o jogo.

Enfim, o Mister tem muito crédito, mas ele pode — e deve — mexer no time, especialmente quando o fôlego vai embora. Esses momentos de apuro vêm custando pontinhos preciosos.