Para mim, Neymar é um craque. Por mais que muitos tentem questionar sua brilhante carreira — e até os entendo, diante das atitudes extracampo bastante questionáveis —, o camisa 10 do Santos foi, sem dúvidas, o jogador que mais se aproximou de, em algum momento, quebrar a hegemonia entre Cristiano Ronaldo e Messi na disputa pela Bola de Ouro.

Mas aquele Neymar não é o mesmo que vem a Belo Horizonte neste domingo. Tampouco é o mesmo que foi aplaudido — ao meu ver, de forma até irônica — pela torcida do Cruzeiro em uma sofrível goleada aplicada pelo Peixe sobre o time celeste, então comandado por Celso Roth.

E que fique claro: mesmo longe de seu auge, Neymar ainda é o jogador mais perigoso do Santos. O Cruzeiro precisa estar atento a isso para não dar espaço ao camisa 10. O Flamengo, recentemente, se envolveu em um amistoso contra o Santos de Neymar na Vila e acabou derrotado.

Por mais que o astro do futebol brasileiro tenha, digamos, apreço pela torcida celeste — fruto daquele episódio em 2012 —, quando a bola rolar, a admiração vai dar lugar à rivalidade. É adversário. É jogo que vale três pontos, e o Cruzeiro precisa manter sua toada para encerrar o turno do Brasileirão na cola do Flamengo, que já fez seu dever de casa contra o Mirassol.

Que Romero, Lucas Silva, Christian e todo o sistema defensivo do Cruzeiro estejam em mais um dia inspiradíssimo, prontos para parar não apenas Neymar, mas o Santos como um todo.

Mas é bom lembrar: a Raposa também tem seus “Meninos da Vila”, e eles podem fazer a diferença quando a bola rolar. Kaio Jorge, por exemplo, convive com um leve jejum de três jogos sem marcar — um cenário perfeito para aplicar a famosa “Lei do Ex”. Assim como Gabigol, que voltou ao imaginário do torcedor santista no fim do ano passado. Apesar de algumas palavras de carinho ao Peixe, o camisa 9 celeste já deixou a torcida santista furiosa durante sua passagem pelo Flamengo, quando celebrou efusivamente um gol diante da Vila Belmiro lotada, palco onde iniciou sua trajetória.

Não tenho dúvidas de que este será um dos grandes jogos do domingo — não apenas pelas atrações em campo, mas também pelo apoio da torcida do Cruzeiro. A resposta das arquibancadas à campanha da Raposa tem sido fantástica. Tanto que este jogo deve registrar, possivelmente, o maior público do ano no Mineirão, exceto pelos clássicos.

Falar da torcida do Cruzeiro é quase chover no molhado. As provas de amor e fidelidade são irrefutáveis. Nas horas boas ou ruins, o cruzeirense está sempre com o time. Que essa sintonia siga impulsionando a Raposa na busca pelos seus objetivos na temporada — e que o Mineirão presencie mais uma grande festa neste domingo.