A sessão de ontem da CPI da Cemig teve características surpreendentes. A primeira inquirida, a advogada Cláudia Campos Faria, valeu-se da sua condição de não ser obrigada a responder a perguntas que pudessem incriminá-la em eventual procedimento criminal e não respondeu a 36 perguntas que lhe foram formuladas pelos deputados membros da comissão.

Não respondeu a nenhuma pergunta, o que faz supor que em todas as situações inquiridas ela poderia se incriminar. Assistiu-a, representando a OAB-MG, o advogado Raymundo Candido Neto, para reforçar que lhe fosse assegurada a garantia das prerrogativas da sua condição de advogada.

O segundo inquirido foi o gerente de Compras, afastado de suas funções na Cemig desde janeiro deste ano, Leandro Correa de Castro, que confirmou informações das quais já dispunha a comissão, como também renovou as suspeitas que recaem sobre as inúmeras e milionárias contratações feitas pela estatal por inexigibilidade de licitação, especialmente de escritórios de advocacia paulistas.

Mas o que mais incomodou os membros da CPI e que, segundo parlamentares ouvidos, deverá gerar grandes dificuldades para a atual diretoria da empresa explicar foi a confirmação de que a polêmica Kroll, sociedade que atua internacionalmente em sofisticadas investigações na intimidade de suas contratantes, atuou na Cemig tempos antes de haver sido contratada oficialmente, também sem licitação, penetrando em arquivos de dados importantes da empresa, sem qualquer compromisso formal de confidencialidade das particularidades que conhecera.