Hoje, o assunto é a importância dos cuidados ortodônticos desde a infância. Sim, porque mais que nunca, boca e dentes são nosso cartão de visita e, sobretudo, Saúde! Assim, apresentamos a vocês, nossa entrevistada de hoje, com lindo e louro sorriso, é a dentista Luciana Martines Grossi. Formada há 32 anos, ela atua como ortodontista há 22 anos e, atualmente, é diretora da Associação Brasileira de Ortodontia de Minas Gerais. Segundo a especialista, essa área sempre a fascinou pela possibilidade de transformar vidas, devolvendo a cada pessoa a vontade de sorrir e melhorando, assim, a autoestima de seus pacientes.

Antes que perguntem ou corram para a Meta ou Google, “Ortodontia é a especialidade da odontologia que se dedica à correção da posição dos dentes e ossos maxilares, buscando um alinhamento adequado e uma mordida correta. Isso envolve a prevenção e tratamento de más oclusões, que podem causar problemas como dificuldades na higiene bucal, cáries, doenças periodontais e dores, além de melhorar a estética facial”. No mais, ainda estamos em plena campanha “Julho Laranja”, que incentiva a prevenção ortodôntica, em crianças e pré-adolescentes. O objetivo é alertar pais e responsáveis sobre a importância da avaliação ortodôntica precoce para evitar problemas nos dentes e na mordida que podem se agravar com o tempo. A campanha enfatiza a detecção e a correção antecipada de alterações, mesmo em crianças com dentes de leite, favorecendo uma melhor saúde bucal, autoestima e qualidade de vida. Mas vamos ao que interessa (mais).

Luciana, por que os cuidados ortodônticos desde a infância são tão importantes?

Identificar e tratar problemas ortodônticos na infância é essencial porque é durante essa fase que o crescimento ósseo e o desenvolvimento craniofacial estão em pleno andamento. Alterações como desalinhamento dentário, mordida cruzada ou aberta podem ser corrigidas com mais eficácia enquanto a criança ainda está em crescimento.

Em outras palavras e linhas: prevenção!

Sim! Isso evita complicações futuras, como dificuldade de mastigação, problemas de fala, respiração bucal e até questões estéticas que podem impactar a autoestima. De acordo com as orientações do Conselho Federal de Odontologia, a primeira avaliação com o ortodontista deve ser realizada aos seis ou sete anos. Mesmo sem sinais aparentes, o diagnóstico precoce permite intervenções mais simples e eficazes, melhorando a saúde bucal e geral da criança.

Quais sinais indicam que uma criança pode precisar de avaliação ortodôntica?

Os pais devem observar sinais como dentes apinhados, desalinhados ou espaçados, mordida cruzada (anterior ou posterior), mordida aberta, dificuldade para mastigar ou morder alimentos e respiração bucal frequente. Outros pontos incluem hábitos prejudiciais, como chupar o dedo ou uso prolongado de chupeta, além de assimetrias faciais ou alterações na fala.

Nestes casos...

Quando algum desses sinais é identificado, é fundamental buscar uma avaliação com um ortodontista, que poderá determinar, por meio de análise clínica e exames, se é necessário algum tipo de intervenção.

Qual é a melhor idade para começar o tratamento ortodôntico?

Não existe uma idade universal para iniciar o tratamento ortodôntico, pois isso depende de cada caso. Entretanto, a primeira consulta com o ortodontista deve ocorrer por volta dos cinco ou seis anos, fase em que os primeiros molares permanentes aparecem e boa parte da dentição decídua ainda está presente. Algumas alterações ósseas ou de crescimento das arcadas, como a mordida cruzada ou desequilíbrios no desenvolvimento do maxilar e mandíbula, podem ser corrigidas de forma mais eficiente quando a criança ainda está em crescimento.

E depois?

Tratamentos mais específicos, que envolvem movimento dos dentes permanentes, são geralmente iniciados entre 11 e 13 anos, após a troca total da dentição decídua por permanente. Um acompanhamento preventivo desde cedo é a melhor abordagem.

Quais benefícios o tratamento ortodôntico precoce proporciona?

Correções realizadas enquanto a criança está em fase de crescimento permitem ajustar a mordida e alinhar os dentes de maneira mais eficaz e menos invasiva. Isso melhora funções como mastigação e fala, além de prevenir problemas em articulações, como a articulação temporomandibular - ATM.

Mas não apenas, correto?

Outro benefício é a prevenção. Futuros tratamentos mais complexos que poderiam envolver extrações ou cirurgias corretivas. No âmbito psicológico, corrigir problemas dentários visíveis, como desalinhamentos marcantes, evita a exposição ao “bullying” e promove uma melhor autoestima. O resultado é uma criança mais confiante, saudável e com menor risco de complicações dentárias no futuro.

Por que o acompanhamento ortodôntico é necessário após o término do tratamento?

Mesmo após o término do tratamento, as visitas periódicas ao ortodontista são indispensáveis. Durante a infância e adolescência, os dentes e a estrutura óssea continuam em desenvolvimento, o que pode levar a mudanças na posição dentária, conhecidas como recidiva.

Como evitar essas mudanças?

Para evitar isso, utilizamos contenções ortodônticas, fixas ou removíveis, que mantêm os dentes na posição conquistada. Além disso, o acompanhamento permite identificar alterações precocemente e atuar antes que se tornem problemas mais complexos. Manter essa regularidade garante a longevidade dos resultados alcançados e ajuda a prevenir condições futuras.

Como os pais podem contribuir para a prevenção de problemas ortodônticos?

Os pais desempenham um papel essencial na saúde bucal de seus filhos. Estabelecer hábitos de higiene adequados, como escovação e uso de fio dental, desde cedo, é crucial para evitar doenças orais. Consultas regulares com um odontopediatra também são fundamentais para prevenir a perda precoce de dentes de leite, que pode comprometer o desenvolvimento das arcadas dentárias.

Certos hábitos também podem configurar riscos?

Controlar hábitos como uso prolongado de chupeta ou chupar o dedo também é importante, assim como incentivar uma dieta balanceada e rica em alimentos naturais, que promovam o desenvolvimento muscular e ósseo adequado. Levar a criança ao ortodontista na idade recomendada, mesmo que não haja sinais evidentes de problema, é outra forma eficaz de garantir sua saúde bucal.

Como a tecnologia tem ajudado nos tratamentos ortodônticos infantis?

Avanços tecnológicos têm transformado a ortodontia infantil, tornando os tratamentos mais precisos, confortáveis e eficientes. Hoje, escaneamentos digitais substituem os antigos moldes de gesso, oferecendo maior conforto para o paciente. “Softwares” avançados permitem planejar tratamentos de forma detalhada e visualizar o crescimento facial e os resultados esperados.

E os famosos “alinhadores”?

Alinhadores transparentes, embora mais utilizados por adultos, começam a ser aplicados em certos casos pediátricos, sendo uma alternativa discreta e confortável. Além disso, aparelhos fixos mais modernos, com braquetes menores e fios que oferecem força constante, proporcionam movimento dentário mais rápido e menos consultas de manutenção. Todas essas inovações tornam a experiência da criança mais tranquila e os tratamentos mais eficientes, favorecendo tanto os pacientes quanto os pais.