Fernando Meligeni, um dos maiores comentaristas de tênis do Brasil, pediu paciência do povo brasileiro em relação a João Fonseca. Em um um podcast, ele ainda trouxe uma análise do estilo de jogo do jovem brasileiro e como ele pode superar os desafios para se consolidar entre os melhores do mundo. 

Para Fininho, o torcedor brasileiro precisa entender que o tênis de alto nível pode significar derrotas em sequência e frustrações. 

“Ele vai perder muito, vai perder agora, perder depois, vai se frustrar. Acho que as pessoas têm que ter paciência, têm que ter empatia. Quando tem que criticar, tem que criticar. Ah teve uma atitude ruim, vai ser criticado, agora também quando ganha não é impressionante só porque ganhou, é empatia, tranquilidade", disse. 

Nesse sentido, ele aponta que é a superação destes desafios que podem o credenciar para disputar grandes coisas. 

Estilo de jogo e amadurecimento

João Fonseca vem de três eliminações seguidas no circuito europeu. Ele perdeu no Masters de Madrid, Challenger de Estoril e no Masters de Roma. Fernando Meligeni entende que uma das motivações das derrotas recentes se deve ao próprio sucesso do garoto. Para ele, os adversários já entenderam o estilo de jogo do João Fonseca e vêm repetindo estratégias semelhantes para vencê-lo. Isso é comum quando um jovem talento começa a se destacar: os rivais estudam e exploram os pontos fracos. 

Em Madri, por ser uma quadra mais rápida, faz sentido o João jogar como se estivesse em piso duro, mesmo sendo saibro;

"Vejo dois pontos. Primeiro vejo que encontraram a maneira de jogar, toda semana a galera joga meio parecido e ele ainda não buscou alternativas . Em Madri é mais rápido tá certo ele jogar meio que como quadra rápida, mas aí quando começa a ir para quadra mais pesada, bola mais pesada e ele não mudar”, explica Meligeni. 

Meligeni compara com o que aconteceu com Alcaraz, quando os adversários passaram a explorar seus pontos fracos (como jogar bolas mais na esquerda);

“Você tem uma junção de duas coisas. Uma é comecei a entender que nem fizeram com o Alcaraz, todo mundo jogava pela esquerda e depois pela direita. E a segunda que é o grande ponto”, analisa. 

E destaca que o diferencial de um grande jogador é saber manter o seu estilo com pequenas adaptações, mesmo em condições adversas como chuva, sol, fases ruins ou bons momentos.

“Tem poucos jogadores no circuito que seguram a maneira de jogar na chuva e no sol, no bom ou mau momento. Não sei ainda se o João já tem calibre para fazer isso. Quando apertar o adversário sacar e volear eu vou jogar assim,  se o cara mandar pra cima ou der slice, vou jogar assim. Pra mim a grande dúvida que vai fazer o João ser 15, 20, - acho que isso é impossível não ser a não ser que algo estranho aconteça - ou ele ser muito muito melhor", finalizou.

João Fonseca segue se preparando para disputar o grand slam de Roland Garros.