SÃO LEOPOLDO (RS). Chuva que insiste em não cessar, dezenas de bloqueios, avisos de desvios de última hora e deslizamentos se tornaram cenas comuns nas estradas do Rio Grande do Sul. A situação piora em trechos próximos de cidades mais castigadas pelos temporais no Estado.
É isso que ocorre em São Leopoldo, onde na BR-116, na altura do bairro Campina, pessoas tentavam resgatar pertences em carros que foram arrastados e revirados pela força da água. A reportagem de O TEMPO se deparou com essas cenas por volta das 14h30 desta segunda-feira (13).
Além de veículos tombados e destruídos, é possível ver excesso de lixo nos espaços da rodovia em que a água baixou. As ruas paralelas à rodovia, contudo, continuam submersas. No lugar de carros, há barcos.
Já na passarela que corta a BR, pessoas se abrigam de forma improvisada com lençóis para se protegerem da chuva. Elas ainda tentam permanecer secas e driblar o frio pendurando as roupas em corrimões da estrutura. O fluxo de carros é intenso no local porque muitas pessoas ainda tentam levar o mínimo de normalidade em meio ao caos.
Há ainda muitas equipes de seguradoras no local. Eles avaliam os danos de veículos que possuem apólice de cobertura por fenômenos da natureza, e tentam removê-los. Jair Júnior, que trabalha com seguro e proteção de veículos, conta que a remoção do veículo dá um pouco de tranquilidade para os motoristas.
“Estamos com cerca de 70 veículos que ainda não conseguimos ir até eles porque a água continua alta no local. E aí precisamos ir até os veículos para fazer a remoção e tentar levar tranquilidade ao associado. Se a água bater na meia porta tem como recuperar, mas inundado muito das vezes não”, contou.
O município de São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre, foi um dos mais atingidos pelos temporais que há duas semanas castigam a região. Na cidade de 240 mil habitantes, cerca de 75% da população - equivalente a 180 mil pessoas -, foi atingida diretamente pelas chuvas.
O nível do Rio dos Sinos, que corta a cidade, chegou à marca de 8,20 metros às 5h30 do último dia 4. A água passou pelos diques e danificou o sistema de contenção das cheias. Há ainda alerta vermelho para os próximos dias e possibilidade de novas enchentes.
A situação foi flagrada pela equipe de reportagem que tenta, desde domingo (12), chegar em Canoas. O TEMPO estava em Garibaldi, na Serra Gaúcha, para visitar um dos centros regionais de distribuição de doações do Estado e acompanhar a entrega de donativos do Grupo SADA.
Ao anoitecer, os fortes temporais, deslizamentos que se tornaram comuns nas estradas e a falta de visibilidade impediram a volta para o município de Canoas. A nova tentativa de realizar o trajeto, que em situação normal leva cerca de uma hora e 30 minutos, começou por volta das 9h30 desta segunda-feira e terminou na parte da tarde, após cerca de seis horas de deslocamento.