O pai do motociclista, Pedro Kaique Figueiredo, de 21 anos, que morreu após ser atropelado pelo motorista de um Porsche, partiu para cima do motorista do veículo na delegacia, nessa segunda-feira (29/7). Um vídeo mostra o momento em que o autor, Igor Ferreira Sauceda, de 27 anos, chega para prestar depoimento e é recebido por socos e murros de amigos e familiares da vítima. 

O motorista da Porsche que matou um motociclista na avenida Interlagos, na Zona Sul de São Paulo, na madrugada desta segunda-feira (29), foi agredido pelo pai e pelo tio da vítima dentro da delegacia onde prestava depoimento à polícia nesta manhã. pic.twitter.com/LohcY7e5ZB

— O Tempo (@otempo) July 30, 2024

As imagens flagraram o condutor do Porsche com um capuz de moletom, escondendo o rosto, enquanto entrava na 48º Delegacia de Polícia, na Cidade Dutra, em São Paulo. Assim que ele entra, o pai de Pedro e outro homem partem para cima do motorista. Em seguida, os policiais tentam separar a briga e afastam os parentes.

No vídeo ainda é possível ver os familiares gritando e xingando Igor. ''Assassino, filha da puta''. ''Mataram meu filho, seu bando de bandido'', diz o pai. ''Acha bonito o que seu irmão fez? É bom ter dinheiro, né?'', dispara outro parente. 

O caso 

Um motorista de um Porsche atingiu um motociclista na madrugada dessa segunda-feira (29/07), na Avenida Interlagos, zona sul da cidade de São Paulo. A vítima foi socorrida ao Hospital do Grajaú, após o acidente, mas não resistiu aos ferimentos. O acidente teria ocorrido após uma briga de trânsito em que a vítima teria chutado o retrovisor do Porsche. Em alta velocidade, as imagens mostraram o momento da batida entre o carro e a moto, que é jogada contra o muro de um canteiro. 

Uma câmera de segurança registrou a perseguição que terminou com a morte do motociclista. As imagens mostram os instantes anteriores à batida, quando o motorista do Porsche perseguia o jovem pela Avenida Interlagos. A moto aparece acompanhada de perto pelo outro veículo, ambos em alta velocidade. A colisão aconteceu logo em seguida, pelo horário da gravação.

Igor teria dito que trafegava em uma velocidade entre 60km/h e 70km/h, pouco acima do permitido na Avenida Interlagos. As imagens, no entanto, mostram a Porsche em alta velocidade. A polícia ainda aguarda a perícia do carro e coleta de mais imagens, assim como o aparecimento de possíveis testemunhas - um caminhoneiro teria visto e filmado o acidente - para concluir o inquérito.

Não há confirmações, ainda, de que Pedro Kaique teria de fato chutado o retrovisor do Porsche, como afirmou o suspeito. O delegado diz, no entanto, que outras possíveis motivações para o crime foram descartadas. A polícia entende que os dois homens não se conheciam. "Todas as hipóteses não serão afastadas. Serão todas analisadas", disse o delegado Edilson Correia de Lima.

Roberto Guastelli, advogado da família da vítima, diz que houve perseguição de cerca de três quilômetros. O motorista fez o teste do bafômetro e não foi identificada embriaguez.

"Quando a gente chegou no local, ele (o motorista da Porsche) estava debochando. Ele (motorista da Porsche) nem prestou socorro", afirmou Jenifer Ventura Figueiredo, irmã da vítima, auxiliar de compras de 23 anos. "Era um menino cheio de sonhos", lamentou o pai, Alex Lúcio Figueiredo, de 45.

Defesa de motorista fala em 'fatalidade'

Igor foi preso em flagrante após alteração da polícia. O caso, registrado inicialmente como homicídio culposo (quando não há intenção de matar), foi encaminhado para outra delegacia e alterado para homicídio com dolo eventual, por motivo fútil, (quando o agente não tem a intenção direta de provocar a morte, mas assume o risco desse resultado ao realizar uma conduta perigosa). Com a mudança, o motorista, que seria posto em liberdade, permaneceu preso em flagrante e passará por audiência de custódia nesta terça-feira (30/7).

Advogado de Igor afirmou que o motorista voltava do trabalho quando aconteceu a colisão. Ao deixar a delegacia na tarde dessa segunda-feira (29), Carlos Bobadilla disse à imprensa que Igor é "um cara trabalhador, honesto, do bem, que jamais teve qualquer antecedente criminal em toda a sua vida". Defensor também reforçou que o suspeito não estava bêbado.

"O que aconteceu foi uma fatalidade e ele, infelizmente, veio a colidir com a motocicleta da vítima. Infelizmente aconteceu essa fatalidade. Não teve nenhum dia de fúria. E o que importa é que ele não estava alcoolizado. O exame do bafômetro saiu zerado. Toda a narrativa que eu já cheguei a ouvir, inclusive aqui na delegacia, de que ele estava bêbado e provocou esse acidente, é inverídica porque ele estava sóbrio, voltando do trabalho", disse Carlos Bobadilla, advogado de Igor, à imprensa. (Com informações de Estadão Conteúdo e Folhapress)