A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai analisar estudos que levaram à proibição de uso da eritrosina nos Estados Unidos, conhecido como corante vermelho nº 3. No Brasil, a substância, de tom vermelho, é autorizada em alimentos e medicamentos e, conforme o órgão, as evidências conhecidas não levantam preocupação de segurança “para consumo humano”.
A restrição aos norte-americanos foi anunciada na semana passada pela FDA, a Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos. A medida está atrelada a uma petição movida por entidades ligadas à saúde. Os movimentos identificaram riscos atrelados ao corante em função de pesquisas científicas que citaram a substância como uma possível causadora de câncer em ratos.
O corante é usado na indústria alimentícia, sobretudo para bolos, doces e produtos congelados. A proibição nos Estados Unidos já havia sido feita para o setor de cosméticos. No Brasil, segundo a Anvisa, a autorização de uso da eritrosina está amparada em decisões da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
“O comitê de especialistas reavaliou o corante em 2018 e concluiu que a exposição dietética não representava preocupação de saúde”, disse a Anvisa em nota. Nos medicamentos, segundo o órgão de vigilância sanitária, a substância é permitida para fármacos de uso oral, conforme diretriz de um comitê composto por especialistas internos e externos à Anvisa.
Uso seguirá no Brasil?
À reportagem, a Anvisa informou que não há evidências de riscos atrelados à substância, mas reforçou que limitações e proibições poderão ser aprovadas. “As autorizações de uso de aditivos em Alimentos e excipientes em Medicamentos podem ser revistas a qualquer tempo, caso haja novas evidências que indiquem risco à saúde”, argumentou.
Ainda segundo a Anvisa, a FDA não mencionou a existência de novas evidências sobre a eritrosina. “As evidências conhecidas não levantem preocupação de segurança para consumo humano, a Anvisa estudará as referências científicas da petição apresentada à autoridade americana, motivadora da ação, verificando a existência de justificativa para uma reavaliação”, disse.
Corante
O corante vermelho nº 3 é feito a partir de petróleo, e o uso é aprovado nos Estados Unidos desde 1907. O produto já foi relacionado a traumas em camundongos no passado. Nos Estados Unidos, as empresas terão até o início de 2027 para alterar os produtos que utilizam a eritrosina. A proibição do corante segue o que já é feito em países como Austrália, Japão e membros da União Europeia.