Há pessoas que se esforçam por anos para cursar medicina e já ficariam felizes em serem aprovadas para uma universidade. A jovem Maria Clara Lopes Rolim, de 27 anos, natural de Sorocaba (SP), foi além e conseguiu ser aprovada em dezenas de instituições. Ela conquistou uma pontuação acima da nota de corte em 86 das 88 faculdades de medicina com vagas para ampla concorrência oferecidas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Com tantas portas abertas, ela já decidiu que fará o curso na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“Já fiz outra graduação lá e foi incrível. Amei a universidade, as pessoas, os professores, então acabei me apegando a essa instituição e ela sempre foi minha prioridade. Além, claro, de ser uma das melhores universidades federais do país. Essa referência é muito importante”, conta.
Em sua primeira passagem pela UFRJ ela cursou relações internacionais, entre 2015 e 2019, e a jovem também é formada em artes cênicas pela Casa das Artes de Laranjeiras. Mesmo com tantas qualificações, Maria Clara sentiu a necessidade de mudar de carreira aos 23 anos durante o período da pandemia. Segundo ela, mesmo com dois diplomas na mão, veio o sentimento de fazer “algo útil” pela sociedade.
“Toda a impotência de não poder fazer nada foi a parte mais difícil. Fiquei muito sensibilizada no início, quando tudo era um mistério e nem mesmo os profissionais de saúde sabiam como tratar pacientes de Covid-19, tive medo de perder alguém próximo. Foi aí que passei a querer uma área na qual eu fosse encarregada de fazer o bem, ajudar pessoas, curar, tratar, melhorar a qualidade de vida”, diz.
Com a decisão em mente, ela arregaçou as mangas e foi batalhar a sua vaga. Revisou os conteúdos do ensino médio e se matriculou em um cursinho especializado em medicina. Durante o trajeto, que durou três anos, também aderiu a uma mentoria particular para organizar melhor a rotina de estudos e potencializar suas chances. Nesse período, abriu mão do trabalho e chegou a vender salgados para complementar a renda.
“Eu chegava no curso às 7h da manhã e era comum voltar para casa por volta das 21h. Durante um ano e meio eu também vendia croissant. Deixava as unidades congeladas e acordava às 4h da manhã para colocá-los no forno e vendia nos intervalos. O que eu realmente tive que abrir mão foram os momentos de lazer e sair com amigos, eu me privei muito. Quase não entrava nas redes sociais e perdi amigos. Depois, fui tendo uma rotina mais flexível, com passeios e viagens, para manter minha saúde mental”, relembra.
Para quem ainda não conquistou esse sonho, Maria Clara orienta o equilíbrio entre dedicação e autocuidado. “Faça provas antigas, enriqueça seu repertório de questões para aprender como cada conteúdo pode ser cobrado, faça redações semanais, estude repertório sociocultural para enriquecer sua redação. Mas, também é importante descansar, fazer atividades físicas e comer e dormir bem”, aconselha.