Data importante para as pessoas de religiões de matriz africana, o Dia de Iemanjá é comemorado neste domingo (02/02). A data homenageia a “Rainha do Mar” e é marcada por oferendas de flores, perfumes e outros presentes lançados ao mar em cerimônias que unem fé e cultura em alguns estados. Mas, você sabe por que a data é comemorada hoje?
A explicação para isso é que a grande maioria das datas de celebração aos orixás está diretamente ligada às datas dos santos, o que cria uma ponte simbólica entre as tradições africanas e católicas.
No dia 2 de fevereiro, por exemplo, segundo o calendário católico, é celebrado o dia de Nossa Senhora dos Navegantes, que passou a ser associado ao culto a Iemanjá, principalmente no Nordeste brasileiro.
O motivo disso é que, durante o longo período da escravatura, os praticantes encontraram maneiras de manter suas tradições de forma camuflada, fundindo-as com a liturgia católica. Essa estratégia permitiu que preservassem suas crenças enquanto aparentavam conformidade com as práticas religiosas impostas.
Ao longo dos séculos, diversas culturas se viram diante da necessidade, muitas vezes por sobrevivência, de conciliar suas crenças com as práticas religiosas dos povos com os quais entravam em contato. Esse processo levou à fusão de diversas divindades e mitologias.
Para que não houvesse castigos ou reprimendas, os escravizados estabeleceram essa aproximação das características de santos católicos aos dos orixás, inquices ou voduns – nomenclaturas dadas às divindades. Então, cultuavam os orixás através das imagens dos santos, o que não significa que orixás e santos sejam a mesma coisa.
Por que em Belo Horizonte é diferente?
No entanto, a data para homenagear Iemanjá não é unânime no país e muda conforme a região de celebração. Em Belo Horizonte, por causa do sincretismo religioso, a festa é realizada todos os anos em agosto, sempre próximo ao dia 15, quando é celebrada Assunção de todas as Nossas Senhoras e de Nossa Senhora da Boa Viagem, padroeira da capital mineira.
De acordo com a Belotur, a data foi reconhecida em outubro de 2019 como Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município (deliberação nº 086/2019).
A Festa de Iemanjá é realizada anualmente desde 1953 e possui uma relevância histórica para os adeptos das celebrações do Sagrado afrobrasileiro na capital mineira.
Vários nomes
Também vale lembrar que o nome, de origem ioruba (“Yèyéomoejá”), significa “mãe cujos filhos são peixes”. Desta forma, entende-se que seu culto não se limita à região litorânea.
Cabe lembrar que, no Brasil, essa orixá também recebe outras denominações, como: Janaína, Rainha do Mar, Sereia do Mar, Senhora do Aiocá e Inaê, entre outras.
Nas culturas da diáspora africana, Iemanjá é, sobretudo, uma divindade composta de múltiplas referências. Sua figura é embasada no arquétipo de ‘Grande Mãe’, sendo uma das divindades mais cultuadas no nosso país.