O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fez um pedido nesta sexta-feira (4/4) para que a população não acredite em fake news que distorcem informações sobre a rotina de visitas domiciliares de pesquisadores do instituto. O problema tem causado dificuldades na coleta de informações, além de onerar os custos financeiros do levantamento.  

A coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios, Adriana Beringuy, lamentou o fato de fake news, muitas delas amplificadas por redes sociais, afirmarem que visitas de pesquisadores do IBGE aos fins de semana seriam tentativas de fraudes.

"O IBGE se adapta à rotina dos moradores, que costumam estar fora de casa durante o horário comercial. Por isso, garante ela, pode haver visitas em horários alternativos. O pesquisador tem que fazer tentativas no início da noite, fim de semana e até feriado para conseguir fazer as entrevistas", disse.

O instituto de pesquisas criou o site Respondendo ao IBGE , no qual o morador pode confirmar a identidade dos pesquisadores. A página permite comprovar a autenticidade dos agentes por meio do nome ou do número do RG, do CPF ou da matrícula, expostos no crachá do pesquisador.

Leonardo Santos de Oliveira, gerente da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), estudo que serve de base para pesquisas com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), destacou que os pesquisadores têm experiência em reverter recusas de atendimento. No entanto, as resistências geram dificuldades, inclusive financeiras.

"Isso encarece a pesquisa, pois você passa a ter que ir lá mais vezes e torna o trabalho logístico mais difícil", constatou. “Eles [moradores] ligam até para a delegacia local, já teve relato desse estilo”, afirmou Oliveira.

Retrato socioeconômico

A POF foi iniciada em novembro de 2024 e está planejada para terminar em novembro de 2025. A pesquisa acompanha de perto hábitos, consumo e condições de vida da população. Com base nela é determinada a chamada cesta de compras do brasileiro – conjunto dos produtos e serviços adquiridos pelas famílias dentro de um mês – que serve para ponderar o cálculo do IPCA.

Dos 103.145 domicílios, de mais de dois mil municípios de todas as unidades federativas do país, 36.759 foram visitados. Isso representa 35,6%. O avanço da amostra está dentro do previsto pelo IBGE, uma vez que já se passaram 36,5% do tempo de duração da fase de entrevistas.

O início do período de coleta da POF no ano passado foi possível após o governo liberar recursos orçamentários extraordinários para o IBGE. De acordo com o diretor de Pesquisas do IBGE, Gustavo Junger, “a suplementação orçamentária foi fundamental para levar nossa pesquisa a campo”.

Ele não informou o custo da pesquisa, mas garantiu que “não existe nenhum tipo de impedimento ou risco” para a conclusão do estudo.