Em ação com a Polícia Federal brasileira, agentes da Fuerza Especial de Lucha contra el Crimen da Bolívia prenderam, na tarde dessa sexta-feira (16), um brasileiro por uso de documento falso na cidade de Santa Cruz de la Sierra. As primeiras informações da PF indicam que o homem pode ser Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, que estava foragido e já chegou a ser apontado como o número 1 da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) fora dos presídios.
Ele é acusado de ser um dos principais articuladores de um esquema internacional de lavagem de dinheiro vinculado ao PCC.
Segundo nota da PF, há indícios de que o preso tenha sido recentemente condenado por associação criminosa e lavagem de capitais, com pena superior a 12 anos de reclusão. Além disso, ele possivelmente consta na Lista de Difusão Vermelha da Interpol (polícia internacional), o que motivou a intensificação dos esforços para sua localização e captura.
"O indivíduo permanece sob custódia das autoridades bolivianas, aguardando a confirmação de sua identidade e os procedimentos legais que poderão resultar em sua expulsão ou extradição ao Brasil", finalizou a nota da PF.
Histórico
Tuta e outras três pessoas foram condenadas em fevereiro de 2024 pela Justiça de São Paulo por associação criminosa e lavagem de dinheiro. Dos quatro, ele era o único que estava foragido e não cumpria a pena, de 12 anos e seis meses de prisão. A condenação ocorreu após denúncia do Ministério Público do Estado (MP-SP) no âmbito da Operação Sharks. O grupo teria movimentado mais de R$ 1 bilhão para o PCC
Tuta chegou a ser alvo de pedido de prisão preventiva em setembro de 2023, mas não foi encontrado. Uma investigação posterior, que ganhou força após a morte do delator Antônio Vinícius Gritzbach no ano passado, apontou que policiais militares teriam recebido dinheiro para impedir a prisão de Tuta - ele estaria na lista de beneficiários de informações sobre operações vazadas com antecedência pelos policiais. Segundo a Corregedoria da PM paulista, o PCC conseguiu se infiltrar na Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e outras unidades da corporação.
De acordo o MP-SP, Tuta ocupou a função de "sintonia final da rua", sendo responsável pelo controle dos setores da facção ligados ao tráfico de drogas. Ele foi acusado de lavagem de dinheiro do tráfico com a locação de uma casa de alto padrão em Santana do Parnaíba, a compra de duas casas em Peruíbe, a aquisição de três imóveis em São Paulo, além da compra de uma chácara em Araçatuba e de apartamentos em Santos. (Com Estadão Conteúdo)