O Brasil registrou seu primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul, onde foi identificada a cepa H5N1. A confirmação ocorreu na última sexta-feira (16), após exames laboratoriais detectarem o vírus altamente patogênico na instalação avícola gaúcha.
A doença, embora seja primariamente transmitida entre aves, tem mostrado capacidade de infectar mamíferos com taxas de mortalidade alarmantes. Dados da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Cornell indicam que gatos infectados podem enfrentar letalidade de até 70%.
A transmissão do vírus H5N1 para mamíferos ocorre principalmente por exposição direta a aves infectadas ou seus fluidos corporais. Quando contraem o vírus, felinos podem desenvolver infecções que comprometem múltiplos órgãos, incluindo cérebro, fígado, coração e pulmões.
Em 2024, um santuário animal no estado de Washington, nos Estados Unidos, perdeu 20 grandes felinos devido à infecção pelo H5N1, representando mais da metade dos animais do local. Entre as vítimas estavam cinco servais africanos, quatro linces, quatro pumas, dois linces canadenses e um híbrido de tigres.
Na Argentina, em 2022, elefantes-marinhos-do-sul foram infectados pelo vírus, resultando em uma taxa de letalidade de 97%. A população foi severamente afetada, com 70% dos filhotes recém-nascidos morrendo durante o período reprodutivo.
Para cães, embora sejam suscetíveis à gripe aviária, o índice de transmissão é extremamente baixo. Em 2004, na Tailândia, um estudo documentou a morte de um cachorro após a ingestão de carcaças de patos infectados com H5N1. O animal desenvolveu sintomas graves aproximadamente cinco dias após a exposição.
Os suínos representam uma preocupação particular no contexto epidemiológico. Estes animais são conhecidos como "recipientes de mistura", pois podem ser infectados simultaneamente pelo vírus H5N1 e por vírus da gripe humana. Isso significa que diferentes vírus podem trocar material genético, potencialmente criando novas cepas virais. A capacidade dos porcos de "dar passagem" para que vírus originalmente presentes em aves eventualmente infectem humanos os torna elementos-chave na vigilância epidemiológica.