Lumar Costa da Silva, de 34 anos, que matou e arrancou o coração da tia em julho de 2019 em Sorriso, no Mato Grosso, recebeu alta médica do Centro Integrado de Atenção Psicossocial à Saúde Adauto Botelho (CIAPS) em Cuiabá. A decisão foi assinada pelo juiz Geraldo Fernandes Fidelis Neto na quarta-feira (18), com base em laudos que confirmam a "estabilidade clínica do paciente". Familiares temem a soltura de Lumar.

O homem, diagnosticado com Transtorno Afetivo Bipolar, será transferido para Campinas, São Paulo, onde continuará tratamento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), segundo informações da TV Centro América. Ele permaneceu internado desde a absolvição em junho de 2022, quando a justiça determinou a internação em hospital de custódia por tempo indeterminado.

As avaliações psiquiátricas indicaram que Lumar não necessita mais de tratamento em regime de internação. Os laudos apontam, entretanto, que ele ainda precisa de acompanhamento intensivo por equipe multiprofissional, incluindo médicos psiquiatras, além de supervisão por um responsável legal.

Patrícia Cosmo, filha da vítima, revelou que está angustiada com a decisão da Justiça: “É medo, né? Infelizmente, a gente fica com medo. A gente tem temor. Eu não sei nem como eu vou fazer para fugir disso. Ainda tô processando", disse em entrevista à  Rádio Capital FM.

Ela também afirmou que está sem dormir e que os filhos estão em pânico. "Vai ser agora um momento de terror, de pressão psicológica. Acabou a nossa paz. Ele não só tirou a vida dela. Ele destruiu tudo. Minha mãe acolheu ele, e ele retribuiu com ódio, violência e uma crueldade que eu nunca vou esquecer", desabafou.

Na época, Patrícia recebeu o coração da mãe em uma sacola, entregue por Lumar.

Relembre 

O crime ocorreu poucos dias após Lumar chegar a Mato Grosso. Ele se mudou para o estado em 28 de junho de 2019, após tentar matar a própria mãe em Campinas. No dia 10 de julho, prestou depoimento à Polícia Civil sobre o assassinato de Maria Zélia da Silva, de 55 anos.

Após o crime, Lumar retirou o coração da vítima e o entregou para uma filha dela. Oito dias depois de prestar depoimento, foi transferido para a Penitenciária Osvaldo Florentino Leite Ferreira, em Sinop, onde tentou enforcar outro detento durante o transporte.

O assassinato aconteceu em Sorriso, município localizado a 420 km de Cuiabá. Lumar passou por diferentes unidades de custódia até ser internado no CIAPS, de onde agora recebe alta para continuar tratamento em São Paulo.

Três laudos psiquiátricos avaliaram a condição mental de Lumar. O primeiro, de 2020, diagnosticou transtorno afetivo bipolar e concluiu que ele não possuía condições de viver em sociedade. O segundo foi desconsiderado por ser uma "cópia do primeiro". O terceiro confirmou o diagnóstico conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.

Este último documento indica que pacientes com esse transtorno que usam substâncias psicoativas têm probabilidade 10 vezes maior de cometer crimes violentos em comparação com a população geral.

Com a alta médica, Lumar deverá seguir para Campinas, onde ficará sob supervisão constante e tratamento ambulatorial intensivo por período indeterminado. Ele está proibido de se ausentar da cidade sem autorização judicial prévia, não pode frequentar casas de prostituição, casas de jogos ou locais similares, e está impedido de consumir bebidas alcoólicas ou qualquer tipo de entorpecente.

Ao prestar depoimento após o crime, Lumar confessou: "Matei e não me arrependo. Eu ouço o universo, o universo fala comigo sempre e me disse: mata ela logo, ela tem que morrer".

O laudo psiquiátrico do Dr. Rafael de Paula Giusti explica que: "Um comprometimento com humor expansível, autoestima grandiosa e atenção a atividades exacerbadamente aumentadas em um período onde apresenta-se mais loquaz que o habitual, seguidos por um período onde há a presença de um humor deprimido associado a sentimentos de inutilidade e pensamentos de morte caracteriza a doença Transtorno Afetivo Bipolar tipo I".

O documento também conclui: "Não restam dúvidas que o periciando padeça de Transtorno Afetivo Bipolar, conforme descrito anteriormente. E é inevitável considerar que o fato do periciando ter feito uso de substancias alucinógenas no dia do crime contribuiu para agravamento do quadro do humor e desenvolvimento dos sintomas psicóticos relatados".