O Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA), um dos documentos exigidos na aviação, da aeronave que caiu na manhã desta terça-feira em São José do Rio Preto, em São Paulo, vence justamente hoje, 1º de julho. Na prática, o CAP-4, conhecido como Paulistinha, não poderia decolar a partir desta quarta-feira (2 de julho) sem que o documento fosse renovado.
A renovação desse certificado depende das pendências que o proprietário da aeronave precisa regularizar junto às autoridades. Esse processo pode durar de uma semana a até dois meses, conforme explica Estevan Velasquez, piloto comercial e instrutor de voo. Desde 2020, o CVA passou a ser exigido em substituição à Inspeção Anual de Manutenção (IAM), ao Relatório de Condição de Aeronavegabilidade (RCA) e, no caso das aeronaves leves esportivas experimentais e experimentais de construção amadora, também ao Relatório de Inspeção Anual de Manutenção (RIAM).
Velasquez explica que, fazendo uma analogia com automóveis, o CVA equivale a um licenciamento anual. “Mas, na prática da segurança, isso não quer dizer muita coisa. O CVA não está necessariamente relacionado às condições operacionais da aeronave. Um avião pode, por exemplo, ter acabado de passar por uma revisão obrigatória a cada 50 horas de voo e ainda assim ter o CVA vencendo no mesmo dia. Isso não está diretamente ligado à manutenção ou à segurança do avião”, afirma.
O CAP-4 acidentado nesta terça-feira foi fabricado em 1943 pela então Companhia Aeronáutica Paulista e pertence ao Aeroclube de São José do Rio Preto. Segundo Estevan Velasquez, na década de 1940 era comum o governo federal comprar essas aeronaves e cedê-las aos aeroclubes como forma de incentivar a formação de novos pilotos.
“O Paulistinha é um avião bastante utilizado na instrução, hoje um pouco menos, com a chegada do Cessna, mas foi uma aeronave recorrente e dominou a aviação de instrução por muito tempo. Apesar de ser de 1943, a idade em si não faz diferença, pois ele passa por revisões periódicas. No caso deste avião, por exemplo, a tela que o reveste precisa ser trocada a cada 10 anos, e o motor, a cada 12 mil horas de voo. Basicamente, o que resta de 1943 é a estrutura externa, que mesmo assim passa por manutenção constante”, detalha.
O Paulistinha tem configuração de dois assentos, com uma pessoa sentada atrás da outra. Normalmente, o aluno fica no banco da frente, enquanto o instrutor — que também possui acesso aos comandos da aeronave — ocupa o assento traseiro.
A reportagem entrou em contato com o Aeroclube de São José do Rio Preto e aguarda retorno.