O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse neste sábado (12) que os dois policiais envolvidos na morte de um homem já rendido, com as mãos na cabeça, na favela de Paraisópolis, serão indiciados sob suspeita de homicídio doloso e "vão responder pelo crime que cometeram".
"E vai ser assim, sempre", afirmou. "A gente vai coibir essa ilegalidade com rigor para dar o exemplo, para dizer: 'Nós vamos dar o respaldo, sim, para as forças de segurança, mas não vamos tolerar o desvio, nós não vamos tolerar a ilegalidade, nós não vamos tolerar o abuso'."
"E isso vai ser coibido como foi [agora], rapidamente. Até mais rápido do que em outras ocasiões", afirmou ele, durante evento em Cerquilho, no interior do estado.
Foi a primeira manifestação pública do governador sobre o tema, dois dias após o ocorrido.
Ele disse também que foi a reação da população em Paraisópolis que deu o indício de que poderia ter ocorrido um problema na operação.
A morte desencadeou uma onda protestos e vandalismo na comunidade durante a noite de quinta-feira (10). Moradores atearam fogo em pneus e pedaços de madeira, viraram carros e fecharam algumas ruas do local. O tumulto foi sucedido de nova operação em que mais um homem foi morto e um agente da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, tropa de elite da PM) ficou ferido.
Como os policiais usavam câmeras corporais, Tarcísio disse que foi a partir da análise das imagens dos equipamentos que se constatou que "havia uma ilegalidade".
A vítima - Igor Oliveira de Moraes Santos, 24 - era suspeita de tráfico de drogas, segundo a PM. Ele estava num grupo de quatro homens que fugiram ao ver a polícia e se abrigaram numa casa da comunidade, segundo o relato oficial. Imagens de câmeras corporais teriam mostrado o momento em que ele foi atingido por tiros de espingarda e pistola, mesmo sem oferecer mais perigo aos PMs.
Tarcísio afirmou ainda que a polícia seguirá "combatendo o crime de forma incessante" para "tentar devolver a paz para o cidadão de São Paulo".
Ele acrescentou que o enfrentamento da violência é "super difícil" no estado e que a polícia é "muito demandada". "A gente está preparando mais investimento em tecnologia, porque chega uma hora que o efetivo [de policiais] só já não resolve. Você pode botar o efetivo que for, você vai continuar tendo problemas."
"A gente vai precisar investir muito mais em tecnologia, muito mais em inteligência artificial, agregar isso nas nossas ações e sempre reciclando, sempre fazendo treinamento para que eventos como o de Paraisópolis não voltem a se repetir", concluiu.
(FOLHAPRESS/BRUNO RIBEIRO E KARINA MATIAS)