Uma pesquisa inédita, divulgada nesta segunda-feira (4/8) pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, revela como o Brasil enxerga, vive e pensa a primeira infância, período que vai do nascimento até os seis anos de idade.  Os resultados mostram que oito em cada dez brasileiros não consideram esses anos iniciais como essenciais para o desenvolvimento humano.

A pesquisa também mostra que mais de 40% dos responsáveis por crianças até seis anos admitem gritar ou brigar. Apesar de castigos físicos, como palmadas, beliscões e apertos, serem proibidos por lei, 29% das pessoas confessam utilizá-los como estratégia de disciplina.

Paula Perim, diretora de Sensibilização da Sociedade da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, explica que esse comportamento reflete um padrão cultural.

“Tem uma crença muito disseminada de que beliscão, palmada esporádica não faz mal. E é importante a gente repetir sempre que nenhuma forma de violência contra criança é inofensiva. Além da violência física, por óbvio, hematomas, tem as questões comportamentais. Além de tudo isso, ainda contribui para que essa criança repita isso quando ela também for mãe, for pai, ou na próxima geração. Você perpetua um ciclo.”

O levantamento revela ainda que, em média, crianças de zero a seis anos passam duas a três horas por dia assistindo televisão, celular, computador ou tablet. A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria, no entanto, é que menores de dois anos, por exemplo, não devem ter nenhum contato com as telas.

A pesquisa “Panorama da Primeira Infância: O que o Brasil sabe, vive e pensa sobre os primeiros seis anos de vida” entrevistou 2.206 pessoas em todo o país, entre os dias 8 e 10 de abril. O lançamento, nesta segunda-feira, marca o Agosto Verde, período de mobilização sobre a importância da primeira infância. Os dados completos da pesquisa estão em fundacaomariacecilia.org.br.