'Acho que é posto 2'

Áudio interceptado pela polícia seria pista de que traficantes se confundiram

Uma das linhas de investigação em curso sugere que a semelhança física entre o ortopedista Perseu Ribeiro de Almeida, de 33 anos, e o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, de 26 anos, pode ter contribuído para o trágico episódio


Publicado em 06 de outubro de 2023 | 00:13
 
 
 
normal

Um áudio interceptado pela Polícia Civil sugere que um indivíduo possivelmente ligado ao tráfico de drogas forneceu uma possível pista sobre o local do ataque que resultou na morte de três médicos na noite de quarta-feira. Conforme relatado pelo G1, na gravação, o indivíduo menciona: "Acho que é Posto 2". O crime ocorreu em um quiosque localizado na Barra da Tijuca, precisamente no Posto 2 da orla.

Uma das linhas de investigação em curso sugere que a semelhança física entre o ortopedista Perseu Ribeiro de Almeida, de 33 anos, e o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, de 26 anos, pode ter contribuído para o trágico episódio. De acordo com informações das polícias Civil e Federal, Perseu compartilhava características físicas semelhantes a Taillon, incluindo peso, altura, cabelo e barba, e essa semelhança pode ter levado à confusão quando ele estava em um quiosque na orla frequentado pelo referido criminoso.

Acompanhe: Veja tudo que se sabe até agora sobre os três médicos assassinados no Rio de Janeiro

Segundo informações do G1, a outra parte da conversa telefônica envolveu o traficante Juan Breno Malta, conhecido como braço-direito de Philip Motta, também conhecido como Lesk, que anteriormente era membro da milícia Gardênia Azul e posteriormente mudou de facção. O veículo utilizado no ataque também foi rastreado até a comunidade da Cidade de Deus, controlada por grupos criminosos em conflito com as milícias atuantes em Muzema e Rio das Pedras.

As investigações em andamento, conduzidas pela Delegacia de Homicídios da Capital, estão tratando o incidente como um triplo homicídio. Entre as possíveis motivações, as autoridades consideram a semelhança física entre Perseu Ribeiro de Almeida, 33 anos, e um miliciano que frequentava o local, Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, 26 anos. No entanto, detalhes sobre os mandantes do crime ainda não foram esclarecidos.

O que já se sabe é que os médicos, após quitar a conta, aparentavam estar deixando o quiosque. As câmeras de vigilância registraram o momento às 0h59 desta quinta-feira, quando um veículo estacionou sobre a faixa de pedestres. Três homens armados desembarcaram do carro, um de cada porta, e abriram fogo contra o grupo de ortopedistas: Marcos de Andrade Corsato, 62 anos; Perseu Ribeiro de Almeida, 33 anos; Diego Ralf Bomfim, 35 anos; e Daniel Sonnewend, 32 anos.

Daniel Sonnewend Proença, de 32 anos, passou por cirurgia nas pernas e está em estado estável no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Além dele, os outros médicos estavam hospedados no Hotel Windsor, localizado em frente ao Quiosque Naná 2, onde o ataque ocorreu, para participar de um congresso médico quadrienal.

Os médicos chegaram ao Rio de Janeiro na última quarta-feira em um voo de Congonhas para o Santos Dumont. Eles teriam ido ao quiosque para assistir a um jogo do Fluminense, e dois deles vestiam camisas de times esportivos. Os agressores dispararam um total de 33 tiros de pistolas calibre 9mm.

Diego Ralf Bomfim, 35 anos, é irmão da deputada federal pelo PSOL Sâmia Bomfim e cunhado do também deputado Glauber Braga, ambos membros do mesmo partido. O médico chegou a ser levado para o Hospital Lourenço Jorge, mas não resistiu aos ferimentos. Uma nota assinada pela deputada Fernanda Melchionna, em nome da família, expressou a devastação pela perda e cobrou uma investigação rigorosa sobre o "crime bárbaro."

Documentos obtidos pelo GLOBO indicam que Taillon Barbosa obteve liberdade condicional em 25 de setembro deste ano e residia na Avenida Lúcio Costa, nas proximidades do local do crime. Seu apartamento estava a apenas 750 metros do Quiosque Naná 2. A decisão do livramento condicional, emitida pelo juiz Cariel Bezerra Patriota, impõe restrições quanto ao horário de retorno ao lar, observação de bons costumes, proibição de mudança de endereço sem notificação ao juízo e a exigência de permanecer no estado.

As investigações ainda estão em andamento para confirmar as motivações por trás do crime e identificar os responsáveis. A Polícia Federal foi acionada para auxiliar nas diligências, enquanto o policiamento na área foi intensificado para garantir a segurança pública.

Embora uma das linhas de investigação esteja relacionada à semelhança física entre Perseu Ribeiro de Almeida e Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, as circunstâncias completas do crime ainda não foram esclarecidas, e a polícia prossegue com os esforços para obter respostas definitivas.

O veículo utilizado pelos indivíduos responsáveis pela execução de médicos na região da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, foi identificado seguindo em direção à comunidade da Cidade de Deus. O trajeto, que foi mapeado pelas autoridades policiais encarregadas da investigação, possui uma extensão aproximada de 17 quilômetros e leva cerca de 40 minutos para ser percorrido.

A informação sobre a rota seguida pelo veículo foi divulgada pelo programa "RJ2", veiculado pela TV Globo, com base no rastreamento de imagens captadas por câmeras de segurança.

A Delegacia de Homicídios apura se os criminosos que assassinaram a tiros três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, foram mortos em um tribunal do tráfico no interior do Complexo da Penha, zona norte da cidade, na manhã desta quinta (5). A informação foi confirmada pela reportagem com investigadores que atuam no caso.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!