EDUCAÇÃO SUPERIOR

Bolsista do Cefet sobre novo corte no MEC: 'a insegurança é enorme'

Pesquisador que preferiu não se identificar afirmou que há muita incerteza entre bolsistas do Cefet após novo contingenciamento

Por Gabriel Ronan
Publicado em 07 de outubro de 2022 | 15:09
 
 
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Pesquisadores de Minas Gerais vivem um clima de apreensão após mais um corte do governo federal no Ministério da Educação (MEC). No Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), onde o contingenciamento é superior a R$ 2 milhões, há preocupação sobre a continuidade dos projetos científicos em andamento, principalmente por parte daqueles que dependem de auxílios socioeconômicos para continuar estudando. 

A reportagem de O TEMPO conversou com um pesquisador da área de engenharia do Cefet, que preferiu o anonimato. “A gente ficou bem inseguro com relação a esse corte. Não sabemos se vamos continuar recebendo a bolsa. Também trabalhamos com diversos tipos de equipamentos, que demandam um dinheiro um pouco maior do que temos para gastar. Então, sempre precisamos de um auxílio do Cefet para adquirir esses equipamentos. Com esse corte de verbas, vai ficar ainda mais difícil dar continuidade à realização da pesquisa”, diz. 

O pesquisador também disse que há um clima de muito receio nos corredores do Cefet sobre o futuro da instituição com mais esse corte. “A gente conversa muito sobre isso. O curso que eu faço, que é engenharia elétrica, demanda uma tecnologia muito grande. Sempre precisamos de equipamentos atuais para desenvolver projetos e artigos que vão contribuir para temas mais atuais. Temos colegas que dependem desse dinheiro recebido pelo Cefet, tanto das bolsas quanto dos programas sociais. Agora, eles simplesmente não sabem o que vai acontecer”, afirma. 

Em nota enviada à reportagem nessa quinta (6), o Cefet informou que adiou várias ações por conta dos cortes orçamentários anteriores, "que envolvem desde a manutenção predial até a aquisição de materiais para aulas práticas em laboratórios".

A instituição também informou que "já havia uma programação de retardar o pagamento de várias despesas, inclusive, de serviços de vigilância e limpeza, para janeiro de 2023, com a utilização de recursos do orçamento daquele ano, muito embora fossem despesas dos meses de novembro e dezembro de 2022". De acordo com o Cefet, esse novo corte não deixa "qualquer recurso disponível para empenho". 

No Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), o clima também é de incerteza, sobretudo quanto os setores que vão sofrer com o contingenciamento. Uma fonte do IFMG informou à reportagem que reuniões vão acontecer ao longo do dia para discutir a questão. 

O IFMG já perdeu mais de R$ 300 milhões com os dois cortes do governo no MEC, R$ 147 milhões só no último contingenciamento. “Ainda não comunicaram nada. Ontem (quinta-feira), a reitoria teve uma reunião com os diretores administrativos para distribuir o prejuízo. Eles estão analisando os valores. É uma situação terrível”, disse a fonte.

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