Educação

Falência de gráfica e crise no MEC colocam Enem em risco

Casa da Moeda foi sondada, mas não houve avanço na negociação por causa de demissões


Publicado em 01 de abril de 2019 | 20:17
 
 
 
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O anúncio de falência da gráfica RR Donnelley, que desde 2009 imprime as provas do Enem, coloca em risco a realização do exame neste ano. O Enem ocorre em novembro e, para cumprir o cronograma, a impressão das provas deve ocorrer até maio.

O trabalho realizado para o Enem não é feito por qualquer gráfica, uma vez que a operação demanda reforçado sistema de segurança e tem entraves logísticos.

Colabora para a insegurança a falta de liderança atual dentro do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pelo exame. Na semana passada, o presidente do instituto, Marcus Vinicius Rodrigues, foi demitido pelo ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez. 

Já o chefe da diretoria de avaliação da Educação Básica dentro do Inep, Paulo Teixeira, pediu demissão em solidariedade ao demitido. Essa é a diretoria que cuida do Enem.

Questionado, o Inep não se manifestou até as 17h sobre a falência da gráfica, revelada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.

De forma reservada, servidores e ex-funcionários do instituto falaram à reportagem que há grande preocupação com as indefinições e com a ausência de uma pessoa capaz de liderar essa operação.

No ano passado, o Enem recebeu 5,5 milhões de inscrições. No total, foram impressas 11 milhões de provas. O resultado é a porta de entrada para praticamente todas as universidades do país.

A gráfica assumiu a impressão do Enem 2009, depois que a prova vazou naquele mesmo ano. O sistema de segurança e logística foi aprimorado ao longo dos anos, ao mesmo tempo em que órgãos de controle cobravam a realização de licitação para o serviço.

A RR Donnelley tem contrato com o Inep para a realização da prova até este ano, segundo a “Folha de S.Paulo” apurou.
A ideia dentro do Inep era publicar um novo pregão neste ano, mas a medida não andou.

Alternativas

Há um processo de licitação envolvendo outras avaliações educacionais, como o Saeb, que também segue parado – este por causa de questionamentos de empresas concorrentes. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica, João Scortecci, a RR Donnelley não é a única empresa capaz de atender às demandas do Inep, mas o número de companhias aptas não passa de cinco no Brasil. 

O Inep consultou neste ano a Casa da Moeda para ajudar na impressão do Enem, já sabendo da crise na gráfica RR. As conversas, no entanto, não tiveram continuidade por causa da crise do MEC, que envolve demissões e disputas entre grupos.

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