Oito em cada 10 cidades brasileiras registram falta de medicamentos básicos para tratamento de pacientes. Entre os mais citados, estão Amoxicilina, Dipirona (comprimido e injetável) e Prednisolona, azitromicina e ambroxol. O levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) veio a público nesta sexta-feira (15).

De acordo com a CNM, 48,6% dos municípios registram falta de medicamentos especializados, ou seja, voltados a tratamentos específicos. Noripurum (anemia), Novamox (infecção bacteriana), Infliximabe (doença de Crohn), Amicacina (infecções ósseas e nervosas), Adalimumabe (artrite juvenil), Deposteron (reposição de testosterona), Tocilizumabe (artrite reumatoide ativa) e Leflunomida (artrite reumatoide ativa) são os mais citados. 

Ainda segundo a pesquisa da confederação, a maioria dos problemas (44,7%) persiste por entre 30 e 90 dias, portanto são desfalques que já duram a semanas. Em 19,7% a falta dura mais de 90 dias, enquanto 12,6% das cidades informam que a escassez dura menos de 30 dias. Há, ainda, 23% de municípios que não responderam.

O que mais preocupa é que 59,2% das cidades informaram que não têm prazo para resolver o problema. Parte desses medicamentos são enviados pelo Ministério da Saúde, enquanto outra parcela vêm dos próprios Estados, por compra direta ou financiada pelo governo federal. 

O quadro forçou 58% das prefeituras ouvidas pela CNM a comprar medicamentos de maneira direta, a dita aquisição emergencial, na qual a cidade tira dinheiro do próprio caixa para garantir a oferta à população. 

A falta de medicamentos, conforme fontes consultadas pela reportagem, se deve ao lockdown na China. O país asiático abastece o Brasil de matéria-prima para produção de medicamentos e tem adotado medidas duras contra a Covid-19. 

Com as indústrias chinesas fechadas, países como o Brasil, que dependem da oferta chinesa, passam aperto. Há quem diga também que o País só está nessa situação porque não investiu em tecnologia, já que tem capacidade de produzir esses medicamentos por aqui.

“É uma falta de medicamentos sazonal, que vem desde o início do ano. Hora é uma matéria-prima que falta, e outra hora é outra matéria-prima. Já tivemos falta de dipirona e solução de vários xaropes. A maioria dos medicamentos é para uso infantil. Agora, estamos passando pela falta de alguns produtos antibióticos. As amoxicilinas líquidas, para uso do público infantil e juvenil”, diz Rony Anderson, vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Minas Gerais (Sincofarma).

De acordo com Rony, a indústria tem informado que o fechamento da China atrasa os pedidos. “A matéria-prima vem toda do continente asiático. Quando esse medicamento chega, ele ainda tem que passar por uma quarentena. Por mais que possa vir de avião, esse produto ainda tem que aguardar um tempo. A gente tem passado o ano inteiro com faltas recorrentes”, afirma o vice-presidente do Sincofarma.