A sete dias do começo do outono – estação com elevado índice de contágio por doenças respiratórias –, a aglomeração de pessoas em espaços fechados torna-se mais uma preocupação para a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério em Saúde quanto a contaminação pelo novo coronavírus (Covid-19).

A entrada da estação reconhecida por temperaturas mais baixas no hemisfério Sul intensifica a aglomeração de pessoas em salas com janelas fechadas e ônibus sem circulação de ar, por exemplo, o que pode aumentar a circulação do vírus.

"Estamos na semana anterior àquele momento em que ocorrem mudanças na temperatura, gradativamente temos o aumento na transmissão de doenças respiratórias, o coronavírus é uma delas. Apesar da nossa preocupação com a mudança climática, preocupa mais a aglomeração de pessoas em locais fechados e com pouca ventilação. A possibilidade de concentração de pessoas, seja em locais públicos, shows em casas fechadas ou no metrô. Temos que nos organizar diante de uma nova realidade", explica Wanderson de Oliveira, secretário da pasta atrelada ao Ministério da Saúde.

Através de uma transmissão online pelo Youtube, nesta sexta-feira (13), o epidemiologista expediu uma série de recomendações, de medidas não-farmacológicas, para diminuir a velocidade da transmissão do coronavírus.

São medidas para pessoas com sintomas de doenças respiratórias, viajantes que estão retornando de países estrangeiros e até mesmo para empregadores.

"O objetivo, aqui, é reduzir a velocidade da transmissão. De tal modo que, o sistema de saúde consiga se manter com uma capacidade de resposta. Onde aconteceu uma transmissão muito intensa, ocorreu uma sobrecarga grande do serviço de saúde e alguns países precisaram adotar a quarentena, que é uma medida de exceção. É a última que nós iremos implementar", declara.

Segundo ele, se as medidas não-farmacológicas – evitar contato excessivo, lavar as mãos com frequência, higienizar os objetos, por exemplo – não forem adotadas, é possível que o número de casos de coronavírus no Brasil dobre a cada três dias.

Orientações gerais

O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, explicou que há um grupo de medidas gerais que devem ser adotadas imediatamente a partir desta sexta-feira (13). 

Além das mais óbvias – etiqueta respiratória e isolamento de pessoas com casos suspeitos por 14 dias –, a pasta também expediu recomendações mais específicas, sobre o atendimento a pacientes com sintomas respiratórios e ainda sobre a ocorrência de eventos de massa.

Segundo o secretário, o Ministério de Saúde orienta que viajantes internacionais permaneçam por sete dias em isolamento domiciliar, mesmo sem nenhum sintoma, a partir da data de retorno ao Brasil.

Além disso, pede que os organizadores de eventos de massa estudem a possibilidade de cancelar ou adiar esses encontros. Caso não seja possível, pede que os eventos aconteçam sem público – como jogos de futebol de competições internacionais que têm sido suspensos ou acontecido sem presença de torcida.

Além disso, o órgão também recomenda que cruzeiros turísticos sejam cancelados. "Nós orientamos o adiamento de cruzeiros durante todo o período de emergência na saúde pública. Nós temos dezenas de cruzeiros previstos para acontecer e já temos suspeita de transmissão em cruzeiros na costa do Brasil. Não dá para aceitarmos ou permitirmos uma concentração em navios", declaro o secretário.

Responsáveis por espaços públicos e donos de comércios, como shoppings, precisam oferecer lugares para que as pessoas lavem as mãos e tenham acesso fácil a álcool com concentração de 70%.

Velório. Orientações da Vigilância em Saúde é que atestados de óbito de pessoas mortas por Covid-19 precisam ser emitidos mais rapidamente. Os velórios delas devem acontecer sem grande aglomeração de pessoas.

Orientações específicas

Os municípios precisam classificar a situação da transmissão em sua localidade: a transmissão local é quando ainda é possível identificar a relação entre os casos, a origem deles. Ao contrário, transmissão comunitária acontece quando não é possível relacionar os casos, identificar o vínculo epidemiológico.

"Os locais com transmissão local devem adotar, além das medidas gerais, outras mais específicas. Recomendar que idosos e doentes crônicos evitem viagens e locais com aglomeração, por exemplo. As medidas específicas para áreas com transmissão comunitária são mais severas", explica Wanderson de Oliveira. Nessas regiões até quarentena pode ser decretada.

Ainda não há, em Minas Gerais, medidas que decretem a interrupção de aulas em escolas e universidades ou o fechamento de comércios. O Ministério da Saúde ainda não expediu recomendações específicas para ambientes como academias de ginástica, supermercados e outros lugares onde há aglomeração de pessoas. A orientação, no momento, é que todos tenham cautela e, inicialmente, apenas evitem, se possível, frequentar espaços em horários de grande concentração de pessoas.