Rio de Janeiro. Morreu na madrugada de ontem, no Rio de Janeiro, o cantor e intérprete de sambas-enredo da escola da Samba Estação Primeira de Mangueira, José Bispo Clementino dos Santos, o Jamelão. Aos 95 anos, dos quais mais de 50 como cantor de samba, Jamelão estava internado desde a quarta-feira na clínica Pinheiro Machado, no bairro de Laranjeiras, onde chegou com estado de saúde bem debilitado, vítima de infecção urinária e pulmonar. Seu corpo foi velado ontem na quadra da Mangueira será enterrado às 11h de hoje no cemitério do Caju.
Jamelão era o mais antigo intérprete de samba-enredo do país e é o mangueirense em atividade há mais tempo, desde os anos 1920, quando chegou adolescente ao morro de Mangueira, zona norte do Rio. Ontem, de luto, a escola cancelou uma feijoada que ocorreria durante à tarde na quadra, remarcando o evento para a semana que vem, agora como um tributo ao seu maior intérprete. O governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, decretou luto oficial de três dias. "Era o grande símbolo da garra mangueirense", afirmou, em nota oficial.
Repercussão. A voz marcante, que eternizou sambas-enredo campeões, foi lembrada por amigos. "O samba perdeu a maior voz de todos os tempos", disse o cantor e compositor Monarco. "Ele era a voz negra do país, a voz mais bonita do Brasil e o maior cantor do Brasil", lamentou a cantora Beth Carvalho. "Foi um dos maiores cantores deste país, era uma escola, todos os grandes cantores tinham admiração por ele", acrescentou o compositor e produtor musical Hermínio Bello de Carvalho.
"Para mim, se Jamelão não tivesse uma carreira tão ligada à escola de samba, ele teria um reconhecimento muito maior do que teve. O samba, até por questões de mercado, o deixava meio restrito ao período de Carnaval. Mas ele era o maior cantor brasileiro", afirmou o compositor Nei Lopes. "Assim como se mostrou o maior intérprete de Lupicínio Rodrigues, também foi o maior intérprete de Ari Barroso. Ele imortalizou Folhas Mortas", disse Lopes,
Por causa da saúde debilitada, Jamelão já havia se afastado dos desfiles de Carnaval. Nos últimos anos, vinha perdendo a memória, reflexo de um acidente vascular cerebral. "O Carnaval do Rio já não era o mesmo sem ele como puxador do samba enredo da Mangueira", afirmou a cantora Nana Caymmi.
Jamelão, porém, repudiava o termo "puxador" e preferia ser chamado de intérprete. "Puxador é puxador de corda, puxador de fumo, puxa-saco... Eu sou é intérprete", costumava dizer.
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