O sequestro do ônibus 174 aconteceu no dia 12 de junho de 2000, marcando a história policial do Rio de Janeiro. Vinte e quatro anos depois, no dia 12 de março, um homem entra na rodoviária da mesma cidade e faz 17 reféns e deixa 2 pessoas feriadas (os dados seguem em atualização pela Polícia Militar). Diante do contexto, as comparações entre os casos tornaram-se inevitáveis, e internautas as expressaram nas redes sociais.
"Só me vem uma memória e um número quando vejo esse sequestro do ônibus na Rodoviária Novo Rio: 174", escreveu um internauta.
"Toda vez que ocorre um sequestro a ônibus no RJ vem a tona o caso do sequestro do ônibus 174, esse caso mudou a maneira como a polícia do RJ lida com ocorrências com reféns, desde então o BOPE reviu sua metodologia e nunca mais perdeu um refém no RJ. Que tudo acabe bem hoje!", comentou.
Que tragédia não se repita na rodoviária novo rio
— vinicius (@viniciusjsilva_) March 12, 2024
12 de junho de 2000 // 12 de março de 2024 pic.twitter.com/EjFzP2Euw9
Relembre o caso do Ônibus 174
No dia 12 de junho de 200, às 14h20, um ônibus da linha 174 (que é a atual 105, Troncal 5, Centro-Gávea) ficou por quase 5 horas sob a mira do revólver de Sandro Barbosa do Nascimento. À época, o caso parou o Brasil e, posteriormente, tornou-se filme ficcional e também documentário.
O sequestrador, além de ter sobrevivido à Chacina da Candelária – um massacre ocorrido em 1993, quando 8 garotos em situação de rua foram assassinados no Rio de Janeiro – Sandro testemunhou o assassinato da própria mãe aos 8 anos, como revela o documentário Ônibus 174, do cineasta José Padilha.
Depois de Sandro render o ônibus 174 com um revólver calibre 38, o pânico se instalou no veículo. O motorista e o cobrador abandonaram o posto, e alguns passageiros também conseguiram escapar pulando pelas janelas e pela porta traseira.
Porém, Sandro conseguiu manter 10 passageiros como reféns. Uma dessas reféns era Luciana Carvalho, uma mulher que teve a arma apontada para a cabeça e foi levada para a frente do ônibus pelo jovem.
Nesse momento, ele fez o primeiro disparo, atirando contra o vidro do veículo para intimidar os fotógrafos e jornalistas que já enchiam o local.
Com o passar do tempo, Sandro começou a liberar os outros reféns. Uma delas, Damiana Nascimento Souza, sofreu um derrame devido ao trauma.
Finalmente, às 18h50, Sandro deixou o ônibus usando a professora Geísa Firmo Gonçalves como escudo humano. A polícia tentou atingi-lo com uma submetralhadora, mas em vez disso, acabou atirando em Geísa, atingindo a refém no queixo.
Nesse momento, Sandro também atirou na refém, matando-a com três tiros nas costas. Após a morte de Geísa, o sequestrador foi capturado por uma multidão que desejava linchá-lo. Depois, ele foi colocado em uma viatura da polícia onde morreu por asfixia.
Os policiais responsáveis pela morte de Sandro foram julgados pelo crime, mas considerados inocentes pela Justiça. Geísa foi enterrada na cidade natal de Fortaleza, e seu sepultamento foi acompanhado por mais de 3 mil pessoas.
Sandro, por sua vez, foi enterrado como indigente no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro. Somente a tia que o criou desde a infância acompanhou o sepultamento.
Até hoje, o sequestro do ônibus 174 é considerado uma das tragédias mais memoráveis da história brasileira.