RIO DE JANEIRO " O desembargador José Maria de Mello Porto, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), foi assassinado a tiros na noite de ontem na avenida Brasil, Rio de Janeiro, quando voltava para casa, na Barra da Tijuca, acompanhado por um procurador federal aposentado.

Ele estava no banco de carona do Audi KZD-0140, interceptado na altura da favela Parque Alegria, no Caju, por oito homens armados com fuzis, pistolas e revólveres. Os bandidos, que estavam em dois carros, mandaram o motorista parar e anunciaram um assalto, por volta das 19h.

Quando as duas vítimas saltaram do veículo, os bandidos atiraram. Mello Porto foi atingido e morreu no local. O procurador federal nada sofreu. Muito abalado, o procurador, identificado como Teixeira Neto, não soube dar detalhes da ação dos bandidos.

Ele lembrou apenas que um dos carros que interceptaram o Audi era bastante velho. Segundo o sobrevivente, ele e o desembargador tinham saído do TRT e seguiam para a Barra, onde ambos moravam, quando houve o assassinato.

Teixeira Neto disse não ter dúvidas de que os bandidos, que fugiram nos carros que foram usados para interceptar o veículo onde estava Mello Porto, queriam apenas levar seu Audi. "Somos amigos há mais de 40 anos. Ele era um homem bom, pai de família. Não foi execução, foi um assalto", disse o procurador.

Collor
Alvo da CPI do Judiciário em 1999, o desembargador José Maria de Mello Porto, ex-presidente do TRT do Rio, construiu uma carreira cercada de polêmica.

Alagoano, primo do ex-presidente Fernando Collor e do ministro Marco Aurélio de Mello, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele foi acusado de estar envolvido em licitações irregulares para a construção de Juntas de Conciliação e Julgamento em Niterói e São João de Meriti.

Também teria feito, sem licitação, uma reforma no 13º andar do prédio-sede do TRT do Rio. Outra denúncia que pesava sobre ele era de que nomeava irregularmente juízes classistas.

Quando foram feitas as denúncias contra o magistrado, auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) chegaram a determinar uma tomada especial de contas para investigar gastos não justificados de CR$ 993 milhões (valores da época).