O padre Júlio Lancellotti, alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as organizações não governamentais (ONGs) que atuam na Cracolândia, em São Paulo (SP), é uma personalidade conhecida pelo trabalho que realiza com a população em situação de rua na capital paulista e pelo envolvimento com outras causas sociais. 

Pedagogo, o religioso foi um dos fundadores da Pastoral da Criança e um dos formuladores do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). À frente da Pastoral do Povo da Rua de São Paulo, Lancellotti se notabilizou pela defesa de pessoas em situação de rua contra opressões, negligências e violências. Ele distribui alimentos e chega a abrigar pessoas nessas condições. 

O sacerdote, de 75 anos, é paulistano e também é o responsável pela Paróquia de São Miguel Arcanjo, da Mooca, desde 1986, onde começou o trabalho pastoral com populações de rua, menores infratores e crianças com HIV. Durante a pandemia, ele ampliou essa atuação, com especial ênfase no fornecimento de alimentação. A atuação lhe rendeu um telefonema do papa Francisco. 

O religioso também é autor de livros como "Amor à Maneira de Deus" (editora Planeta) e "Tinha uma Pedra no Meio do Caminho: Invisíveis em Situação de Rua" (Matrioska editora). Em 2022, ele foi eleito o intelectual brasileiro de 2022 pelo prêmio Juca Pato, da União Brasileira de Escritores.

O sacerdote foi um dos primeiros a criticar a chamada "arquitetura hostil", com comerciantes colocando obstáculos para impedir que pessoas em situação de vulnerabilidade dormissem em frente aos seus estabelecimentos. Em março deste ano, ele foi atacado durante a celebração de uma missa na zona leste da capital paulista. Um homem o interrompeu aos gritos de "vai sustentar vagabundo". (Com Folhapress)