A Fundação Oswaldo Cruz não cumprirá o prazo de entrega de 100 milhões de doses da vacina da Astrazeneca contra a Covid-19 ao Programa Nacional de Imunização (PNI), prevista até o final deste mês. A instituição, contudo, manterá o compromisso de encerrar o ano com remessas que totalizem 200 milhões de doses, e de encaminhar ao Ministério da Saúde outros 180 milhões de doses no próximo ano. A informação foi repassada por Mauricio Zuma, diretor da unidade de Biomanguinhos, que produz as vacinas no Brasil, em entrevista à agência Reuters.

Foram entregues, por ora, 69,9 milhões de doses do imunizante, dos quais 65,9 milhões manufaturados no país, e 4 milhões importados da Índia. O prazo previsto pelo diretor para a entrega das 100 milhões de doses será até o fim de agosto. Zuma pontuou que a defasagem nos repasses ocorrer devido à demora na chegada dos insumos farmacêuticos necessários (IFA) para produção da vacina.

“A expectativa da AstraZeneca de antecipar lotes de IFA não se confirmou, devido à alta demanda pelo produto. O contrato está sendo cumprido, mas o ritmo estabelecido no contrato não permite concluir em julho, possivelmente em fins de agosto. Pensávamos que a maior dificuldade seria escalonar nossa capacidade de processamento em Biomanguinhos, mas aconteceu o contrário. Neste momento a Astrazeneca está buscando novamente uma aceleração no fornecimento de IFA a partir de agosto”, declarou o diretor do laboratório.

Outro atraso também foi previsto por Zuma. Doses da “vacina de Oxford” com IFA produzido totalmente no Brasil, previsto para começar em outubro, deve ocorrer só em meados de novembro. “Está previsto para outubro ou novembro. Difícil prever com precisão. Os lotes precisarão passar por testes longos no exterior, e ainda tem aprovações pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisq). Só mais à frente poderemos refinar mais as previsões. A produção dos lotes de pré-validação deverá iniciar ainda este mês. São muitos procedimentos que precisam ser implementados e estamos dentro de nossas expectativas”, explicou.

Na entrevista à agência, o diretor de Biomanguinhos informou que testes demonstraram que a Astrazeneca se mostrou eficaz contra a variante Delta do coronavírus, originária da Índia, e potencialmente mais infecciosa do que as outras que circulam no Brasil e no mundo. “Nossa vacina foi testada e se mostrou eficaz para essa variante. Mas é importante que a vacinação avance para a maior parte da população possível, e que seja possível dar a segunda dose também para o maior contingente possível”, concluiu.

Veja nota, na íntegra, da Fundação Oswaldo Cruz:

"A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) entregou até o momento (12/7) cerca de 70 milhões de vacinas ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), sendo 65,9 milhões produzidas pela Fiocruz e 4 milhões importadas prontas do Instituto Serum, da Índia, o que já corresponde a mais de 50% de todas as vacinas disponíveis no SUS. A Fiocruz esclarece que a AstraZeneca vem cumprindo o contrato no envio de lotes de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) para a produção e que a instituição vem fazendo entregas semanais de maneira constante desde abril.

Em razão das primeiras entregas terem ocorrido em março, pelas dificuldades iniciais do envio do insumo, e pela Fiocruz ter conseguido escalonar muito rapidamente a sua capacidade de produção, acima do calendário de envio de IFA previsto, o marco das 100 milhões de doses entregues deve ocorrer em agosto.

Esse ajuste já estava previsto e não trará impacto para o PNI, uma vez que a instituição já garantiu IFA adicional para a produção de mais cerca de 70 milhões de doses da vacina ao longo do segundo semestre, além da produção a partir de IFA nacional também já prevista, garantindo a continuidade da produção e das entregas ao longo de todo o ano.
Para 2022, está prevista ainda a produção de mais 180 milhões de doses da vacina, já com IFA totalmente nacional".