O velório da publicitária Juliana Marins, 26, começou nesta sexta-feira (4) no Cemitério Parque da Colina, em Niterói (RJ), cidade onde ela vivia com a família. A cerimônia de despedida será aberta ao público até meio-dia e depois será restrita à família e amigos das 12h30 às 15h. O corpo de Juliana Marins será enterrado, e não cremado, apesar da autorização da Justiça do Rio de Janeiro, dada nesta quinta (3).

A autorização para o procedimento fora concedida pelo juiz Alessandro Oliveira Felix, titular da Vara de Registros Públicos da capital fluminense, a partir de pedido feito pela irmã da jovem, Mariana Marins. Mas a família, que já havia sido orientada que o sepultamento possibilitaria uma eventual exumação, decidiu manter o enterro.

O pedido de cremação fora feito pela Defensoria Pública do Estado do Rio, após atuação conjunta com a Defensoria Pública da União. A liberação do corpo dependia da conclusão de uma nova autópsia, realizada no Brasil a pedido da família.

A jornalistas, o pai de Juliana, Manoel Marins, disse que a família nutriu na jovem o gosto por turismo de aventura, e afirmou guardar na memória o jeito alegre e meigo. "Esse sorriso das fotos era espontâneo. Ela era assim. Hoje vindo para cá perguntei à minha mulher: 'Será que algum dia essa saudade vai diminuir?'"

Juliana havia passado por necropsia na Indonésia, mas familiares pediram a reavaliação para esclarecer com mais precisão a causa e a hora da morte, além de verificar sinais que pudessem ter passado despercebidos pela perícia local.

A nova autópsia foi realizada na manhã de quarta (2), no Instituto Médico Legal do Rio. Segundo o Departamento-Geral de Polícia Técnico-Científica da Polícia Civil, o exame começou às 8h30 e durou pouco menos de duas horas e meia.

Dois peritos legistas da Polícia Civil conduziram o exame, que foi acompanhado por um perito da Polícia Federal, um assistente técnico da família e pela irmã de Juliana, Mariana Marins. O laudo preliminar deve ser entregue em até sete dias. O pai de Juliana disse que a família aguarda o resultado da nova autópsia para avaliar se entrará com processo por suposta negligência das autoridades da Indonésia.

"Se a Defesa Civil local tivesse sido acionada imediatamente, certamente [ela] chegaria. Mas foi acionada tardiamente. Os protocolos do parque foram muito mal feitos. A vice-governadora de Lombok [ilha onde fica o monte] nos recebeu e disse que estão revendo os protocolos. Eu respondi que, se a revisão for feita, a morte dela não terá sido em vão."

A família ainda não tem certeza sobre a data da morte. Juliana caiu no monte Rinjani, na ilha de Lombok, na Indonésia, no dia 20 enquanto fazia a trilha. Inicialmente ela chegou a ser vista com vida, mas o resgate só a alcançou no dia 24, quando já estava morta.

O corpo foi resgatado no dia 25, com múltiplas fraturas e grave hemorragia interna, o que explicaria a morte, segundo o médico legista responsável pela autópsia. Pela estimativa do médico, a turista brasileira pode ter sobrevivido por quatro dias após a primeira queda.

"Este caso se trata de despreparo, descaso com a vida humana, negligência e precariedade. É um destino turístico conhecido mundialmente; deveria ter mais estrutura", disse Manoel.
O local em que ela caiu era de difícil acesso, e as buscas precisaram ser paralisadas diversas vezes devido às más condições climáticas.

É possível que a brasileira tenha sofrido uma segunda queda. No dia 21, vídeo feito por drone captou Juliana, sentada e em movimento, em um local íngreme. No dia 24, quando foi encontrado o corpo, outra gravação mostrou que ela estava em um local diferente, mais plano. A segunda queda pode tê-la levado mais para o fundo do penhasco.

O corpo de Juliana chegou ao Brasil na noite de terça (1º), trazido pela FAB (Força Aérea Brasileira), que fez o transporte de Guarulhos (SP) até a Base Aérea do Galeão, na zona norte do Rio. Na Indonésia, a polícia da ilha de Lombok anunciou na segunda (30) que já ouviu testemunhas e inspecionou o local onde Juliana caiu para tentar identificar se houve qualquer tipo de irregularidade na morte dela. (YURI EIRAS)