Velhice

Solitários vivem menos tempo e têm a saúde mais debilitada

Não é a quantidade, mas a qualidade das relações o que mais importa

Por ELIZABETH H. POPE
Publicado em 05 de outubro de 2012 | 20:25
 
 
 
normal

Nova York, EUA. Uma pesquisa recente sugere que pessoas solitárias têm uma expectativa de vida menor e que, ao contrário, conexões próximas e frequentes com amigos e família podem reduzir casos de saúde fraca e de morte prematura.

De acordo com um estudo da Universidade da Califórnia, a solidão é um fator de risco para o declínio funcional e para uma morte mais cedo em adultos com mais de 60 anos. Mais de 40% dos 1.604 participantes relataram que frequentemente se sentiam deixados de fora ou isolados, ou sentiam falta de companhia.

Nos seis anos seguintes, de acompanhamento da pesquisa, mais da metade dos autoidentificados como solitários tiveram dificuldade com os cuidados básicos com a casa e com tarefas pessoais. Eles também apresentaram um risco de morrer cedo 45% maior do que os adultos que se sentiram conectados a outros.

A maioria das pessoas solitárias - 62,5% - eram casadas ou viviam com outras pessoas, uma indicação de que o sentimento de solidão e estar sozinho não são a mesma coisa.
"Não é a quantidade, mas a qualidade das suas relações que importa. Não é possível distinguir quem está se sentindo só. Não é só a senhora velha vivendo sozinha", comenta a geriatra responsável pelo estudo, Carla M. Perissinotto.

Ela esclareceu que a pesquisa não investigou por que as pessoas afirmaram se sentirem sozinhas. "O próximo passo da pesquisa será responder a outras questões. A solidão é biológica? É mediado socialmente, ou seja, as pessoas solitárias não se importam consigo mesmas ou não interagem com a comunidade? Quais são os mecanismos em jogo e quais são as intervenções práticas?", revela.

Os efeitos da solidão sobre a saúde não deveriam ser ignorados. "Os solitários não estão dando o passo extra de falar com seu médico ou com a família. Se você não conversa sobre isso, ninguém sabe", pondera a pesquisadora.

Outros estudos descobriram que, com o tempo, a solidão crônica está associada a pressão alta, doenças do coração, baixa resposta do sistema imunológico, depressão, dificuldades para dormir, declínio das capacidades cognitivas e demência, entre outros males.

Segundo a psicóloga da Universidade de Chicago, Louise C. Hawkley, até o momento, os cientistas ainda não conseguiram entender como a solidão prejudica a saúde e acelera o envelhecimento. A cientista é autora de vários trabalhos sobre o tema, todos baseados em um estudo de longo prazo realizado com internos do hospital Cook County.

Ela afirma que pessoas cronicamente solitárias - estimadas em 20% da população e até 40% dos adultos com mais de 65 anos - podem ter problemas por causa da forma como pensam a respeito de outras pessoas. "Em vez de procurar pelos sinais de aceitação dos outros, os solitários estão alertas para os sinais de rejeição. Se você tem medo de que os outros não te aceitem, você pode parecer indiferente ou crítico. Então, as pessoas se tornam mais cautelosas ao seu redor, desenvolvendo um círculo vicioso da solidão", explica.

A cientista acrescentou ainda que a terapia cognitiva comportamental com foco na identificação e na mudança de perspectiva dos pensamentos sociais negativos pode auxiliar aqueles que têm um sentimento de isolamento.

Traduzido por Raquel Sodré

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!