SÃO PAULO " O depoimento da estudante Fernanda Kitahara, que dividiu com Suzane a sala de aula no primeiro ano do curso de direito da PUC, trouxe novas versões para o caso e colocou em xeque o depoimento de Andreas, filho mais novo do casal Manfred e Marísia.

Segundo ela, a arma escondida dentro de um urso de pelúcia no quarto de Suzane foi presente de Daniel a Andreas. Em seu depoimento, no entanto, Andreas havia dito que só soube do revólver quando a irmã, já presa, pediu para que ele se livrasse da arma.

"Em julho (de 2002) vi a arma. O Daniel disse que tinha dado de presente para o Andreas. Por medo que alguém achasse, ela ficava dentro do ursinho", disse Fernanda, que contou ter visto a arma numa viagem que fez com Cristian, Suzane e Daniel à praia.

Fernanda ainda desmontou a tese de defesa dos irmãos Cravinhos de que Daniel sempre fez questão de dividir as despesas quando eles namoravam. Segundo ela, Suzane pagava as contas quando eles saíam.

"Ela me contou que pagava a conta de celular do Daniel e as prestações do carro dele", disse ela, que chegou a chorar durante o depoimento. Bem articulada, Fernanda lembrou do dia em que foi à mansão dos Richthofen dias depois do crime para buscar roupas para Suzane.

Ela disse que ao subir até o quarto onde o casal foi morto, teve uma alucinação. "Nesse momento, o Daniel estava ao lado da cama, enquanto a Suzane procurava uma blusa no closet. De repente, a impressão que eu tinha é que o quarto ficou todo iluminado e uma voz atrás de mim falou: "Foi ele"."

Ao juiz Alberto Anderson Filho, Fernanda disse que, naquele instante, ficou nervosa e pediu para ir embora. "Eu não conseguia acreditar que ele poderia ter feito aquilo, já que o próprio Daniel se mostrava assustado com aquela atrocidade".