Eleições 2024

Aldo Rebelo: 'Usam contra Bolsonaro os mesmos métodos que inviabilizaram Lula'

Ex-ministro de Lula e Dilma, que foi filiado ao PCdoB, Aldo Rebelo é cotado para ser vice na chapa de Nunes para a prefeitura de São Paulo, com o apoio de Bolsonaro

Por O TEMPO Brasília
Publicado em 10 de março de 2024 | 18:46
 
 
 
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O secretário de Relações Internacionais da prefeitura de São Paulo, Aldo Rebelo, afirmou que usam contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) métodos semelhantes aos que tiraram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) das eleições de 2018. A fala foi feita no sábado (9) à CNN.

Na época, o petista estava preso e teve seu registro de candidatura presidencial negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa, que proíbe políticos condenados de disputarem eleições.

“Os métodos que estão sendo usados contra o Bolsonaro hoje são os mesmos que foram usados para inviabilizar a candidatura do Lula (em 2018), e com os mesmos protagonistas: Judiciário, Ministério Público, Polícia Federal e mídia”, disse.

A declaração reforça a mudança de lado político de Rebelo. Ele foi ministro de Estado no primeiro governo de Lula e na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Rebelo também foi quadro do PCdoB por 40 anos.

Atualmente, integra o governo do prefeito de SP, Ricardo Nunes (MDB), que disputará a reeleição neste ano com o apoio de Bolsonaro. Rebelo é cotado para ser vice na chapa de Nunes, mas publicamente desconversa sobre o assunto.

Questionado sobre Bolsonaro, Rebelo contou ter uma relação “muito boa” com o ex-presidente, e que os dois têm contato frequente por mensagem de texto. O secretário ainda negou que Bolsonaro tenha supostamente tentado dar um golpe de Estado, como investiga a Polícia Federal (PF). 

“Bolsonaro não tentou dar golpe nenhum. Um golpe exige uma articulação e um protagonismo que não houve. Golpe não se dá em uma reunião pública gravada”, declarou, ainda ao veículo.

Relembre a operação que mirou Bolsonaro e aliados

Citações da operação Tempus Veritatis (ou "tempo de verdade" em latim) apontam que Bolsonaro ordenou pessoalmente ajustes em uma minuta de golpe. O documento tinha, ao final, ordens de prisão para diversas autoridades, como Moraes, o também ministro do STF Gilmar Mendes e o presidente do Congresso Nacional e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Sobre Moraes, agentes da PF identificaram que o ministro tinha sua agenda, o deslocamento aéreo e a localização monitorados por um "núcleo de inteligência paralela" integrado pelo entorno de Bolsonaro.

A troca de conversas de uma reunião ministerial em julho de 2022, encontrada em um vídeo no computador de Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro), "nitidamente revela o arranjo de dinâmica golpista" na "alta cúpula do governo" do ex-presidente, segundo a PF.

O material mostra Bolsonaro dizendo a todos os seus ministros que era necessário agir antes das eleições para que o Brasil não virasse “uma grande guerrilha”. O então presidente manifestou preocupação com a possibilidade de ser preso por "atos antidemocráticos" ao descer a rampa do Palácio do Planalto, a sede administrativa do governo federal em Brasília (DF), onde aconteceu a reunião.

Ainda na reunião, o então ministro do GSI Augusto Heleno afirmou: "Se tiver que virar a mesa é antes das eleições", acrescentando que não teria "VAR". Ele disse ter sua visão "clara" de que seria necessário "agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas".

Heleno afirmou, inicialmente, que teria conversado com o então diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Vitor Carneiro para "infiltrar agentes nas campanhas eleitorais", alertando sobre o risco de descoberta. Bolsonaro o interrompeu e pediu que conversassem de forma reservada depois.

As apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas eleições presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, para tentar viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.

De acordo com a investigação, o primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas eleições de 2022. Isso ocorreu por meio da disseminação falsa de vulnerabilidades das urnas eletrônicas de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.

A PF apontou que o segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para "subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, por meio de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensíve

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