Desde 2014, os foliões de Belo Horizonte podem apreciar ritmos e sons africanos na praça da Liberdade durante o Carnaval. Todo ano, lá estão quatro músicos agitando o público com batuques e instrumentos da cultura afro.

O bloco faz parte de um projeto musical do senegalês Mamour Ba. Líder do grupo, ele conta que chegou ao Brasil em 1981, por meio de um intercâmbio pela Unesco, para uma pesquisa sobre a cultura negra no país.

Multi-instrumentista, professor de música e pesquisador, ele explica, já bem adaptado à Língua Portuguesa, que sempre teve em mente estudar a mistura da música negra brasileira com a africana.

"Sempre quis estudar esse ‘intercâmbio’: os ritmos trazidos da África para o Brasil e do Brasil para África também. Por isso o nome do bloco é African Beat: as batidas africanas no Brasil", detalha o músico.

Desde a década de 80 no Brasil, ele elogia o Carnaval de BH e observa uma mudança no comportamento da população em relação à folia. "Eu acho maravilhoso. Hoje as pessoas se interessam. Essa manifestação cultural faz parte da história brasileira. Minas não era assim. Belo Horizonte não era assim. Hoje o Brasil está realmente abraçando suas raízes culturais", comemora.

Mamour Ba também revela que no Senegal, seu país de origem, tem uma festa parecida com o Carnaval do Brasil: o Festival Internacional de Arte Negra. Segundo Mamour, o evento é anual e, nos meses de outubro e novembro, também lota as ruas senegalesas. "Lá se trata mais das raízes. As pessoas vão às ruas. Muitas manifestações culturais pelo país todo. Aliás, na África todo dia tem festa", conta Mamour, com um sorriso no rosto.

Perguntado sobre qual festa aprecia mais, o fundador do African Beat fica em cima do muro. "Gosto de tudo. Não posso gostar de uma coisa só, porque uma é interligada à outra", encerra.