O Carnaval de Belo Horizonte já virou data marcada no calendário da cidade. Em 2025, a expectativa é que a festa que ocupa as ruas reúna mais de 6 milhões de foliões, praticamente três vezes a população da capital. A data marcada para a cidade se colorir é de 15 de fevereiro a 9 de março, mas o trabalho dos blocos para fazer a melhor folia possível já está em andamento.

As baterias, que ditam o ritmo da festa, são como o coração dos blocos de rua. Para tudo sair no jeito, ensaios e oficinas para manter os calouros e veteranos afiados fazem parte de um trabalho constante de quem vive a festa o ano inteiro.

O TEMPO conversou com alguns blocos para conhecer um pouco mais das baterias que vão embalar o Carnaval 2025 de Belo Horizonte, inclusive, alguns que estão com vagas abertas para novos músicos.

Tchanzinho Zona Norte

Uma opção para quem quer entrar para uma bateria é o Tchanzinho Zona Norte, que traz de volta axés clássicos do É o Tchan, que, inclusive, inspirou o nome do bloco, além de outros sucessos do gênero. Laila Heringer, uma das responsáveis pela bateria do Tchanzinho, explicou que, neste ano, a decisão foi de criar uma oficina de percussão, que já ocorre desde julho.

Novos integrantes precisam participar da oficina ‘Pra-Tu-batê’, que promete ensinar percussão com uma metodologia própria. 

“Os trabalhos para o Carnaval nunca param. Em abril e maio terminamos o trabalho do anterior e já deixamos tudo pronto para o seguinte. Já pensamos em tema, organizamos bateria e ensaios. Nosso Carnaval não para mais”, explicou Laila.

Os encontros para novos membros da bateria ocorrem às terças-feiras. Siga o bloco nas redes sociais. Clique aqui para ver o formulário de inscrição do Tchanzinho ZN.

Unidos do Samba Queixinho

Para quem nunca tocou em bateria, mas sempre quis participar, o bloco Samba Queixinho é outra opção. Descrita como “artesanal, pé no chão, raiz, escola de samba de rua, diversa, inclusiva e plural”, uma das ideias é, justamente, dar um instrumento na mão de quem achava que nunca conseguiria acompanhar os ritmos.

Quem falou com O TEMPO foi Gustavo Caetano, que também compartilhou um pouco da história do bloco que já completou 15 carnavais. Sem necessidade de experiência prévia, há vagas para chocalho (rocar), tamborim, repinique, caixa e surdo. 

“A pessoa muitas vezes quer tocar e nem sabe que pode. Quem está de fora, olha e acha que não é para ele, fala que não tem ritmo, mas isso não existe. Todo mundo está apto a tocar. Acreditamos na pessoa, basta ela ter força de vontade”, explicou Gustavo Caetano, que ainda acrescentou que as oficinas buscam trabalhar percepção musical, baqueteamento, ergonomia, técnica e autoconfiança e autonomia musical.

“Tratamos muito da saúde mental e psicológica, porque não é só sobre música, mas sobre trabalho coletivo e o compartilhamento de experiências”, completou.

A primeira aula na oficina, que também ocorre às terças-feiras, é gratuita e com caráter experimental. Mesmo. Uma das recomendações é não comprar nenhum instrumento antes de conhecer todos eles. “Não é a pessoa que escolhe o instrumento, é ele que escolhe a pessoa”, finalizou. Para se inscrever na bateria do Samba Queixinho, acesse o formulário clicando aqui. As inscrições são limitadas e a expectativa é que 200 pessoas estejam na bateria em 2025. Siga o bloco nas redes sociais.

Truck do Desejo

O bloco Truck do Desejo começou sua história nas ruas de BH em 2019, com o primeiro cortejo em 2020. Construído por mulheres lésbicas e bissexuais, além de pessoas não-bináries e transmasculinos da capital mineira, a bateria mistura sucessos da música pop brasileira, passando por hits de diversos gêneros musicais, sempre relembrando mulheres históricas.

Com público fiel ano a ano e um trabalho que une uma banda competente, complementada por uma bateria coordenada e uma ala de dança, o Truck do Desejo abriu inscrições para quem desejava integrar o grupo no Carnaval 2025, mas a procura é tanta que a lista já se encerrou.

Lygia Santos contou que os ensaios começaram ao final de julho, tanto para a bateria quanto para a ala de dança, e seguirão até a data do cortejo no próximo ano. Atualmente são 170 integrantes em preparação.

“A dança também acontece em oficinas, mas é um processo mais longo. Tem trabalhos de ritmo e expressão corporal com pessoas convidadas, outras atividades formativas, além de figurino e maquiagem”, contou Lygia. A ala de dança, um dos diferenciais do Truck do Desejo, foi fundada GANA, que idealizou e foi regente desde 2018 até o último carnaval. Quem assumiu o posto para 2025 é Scheylla Bacellar.

Para participar da bateria e da ala de dança no cortejo é necessário estar nas oficinas e nos ensaios, e o calendário é fixado já no momento da inscrição. Muitos ensaios ocorrem na GIS, casa noturna que faz parte da história LGBTQIAPN+ de Belo Horizonte. A contribuição financeira é feita em esquema colaborativo, com cada um declarando quanto pode colaborar mensalmente. Algumas pessoas participantes podem, até, receber auxílio-transporte, por exemplo. 

Para conhecer o Truck do Desejo e fazer parte da bateria ou da ala de dança futuramente, acompanhe os blocos nas redes sociais.

Abalô-caxi

O Abalô-caxi também já encerrou as inscrições para a bateria do Carnaval 2025, devido à procura intensa do público. Como é um bloco sem custos para participação, sempre atrai muita gente interessada. Cadu Passos, que faz a gestão de comunicação do Abalô-caxi, falou que é importante ter uma bateria com uma quantidade de pessoas que não sacrifique a qualidade do som para os foliões.

A cara da bateria para 2025, porém, deve estar bem diferente. Esse foi um dos desejos do bloco. “Identificamos que, ao decorrer dos anos, a nossa bateria estava muito homogênea, branca e de classe média. Por isso, abrimos inscrições prioritárias para pessoas trans, travestis e não-binárias, além de pretos e afro-indígenas. Elas tiveram prioridade nas inscrições para 2025”, explicou Cadu.

Agora, são 250 pessoas na bateria, e os trabalhos das oficinas já começaram. Como há um ciclo de formação para o público que nunca tocou antes, os ensaios são essenciais. Neste sábado, 28 de setembro, o Abalô-caxi realiza a terceira oficina. Apesar das inscrições concorridas para o ano que vem já terem encerrado, Cadu explica que, caso a organização veja necessidade, um novo chamamento público pode ser feito. Por isso, que tiver interesse em fazer parte da bateria do bloco, é preciso ficar ligado nas redes sociais para não perder datas.

Chega o Rei

O Chega o Rei leva os reis e rainhas da música brasileira para as ruas de BH no Carnaval. Com uma bateria diversa, o bloco é outro que já está com o trabalhos a todo vapor. Karla Nádila, produtora do Chega o Rei, contou que as inscrições para a bateria de 2025 já foram abertas e se encerraram, mas que, quem realmente quiser fazer parte, pode entrar em contato e buscar uma ‘vaguinha’.

“Nossa bateria é muito diversificada, tem crianças, adolescentes, idosos, adultos, pessoas com deficiência, etc. Sempre estamos abertos para quem quiser chegar”, contou Karla. Atualmente são cerca de 45 pessoas nos ensaios, mas a expectativa é fechar com 60 integrantes para o próximo cortejo.

“Sempre precisamos contar com auxílio da Belotur, porque, sem isso, a gente não conseguiria colocar o bloco na rua. Contamos com auxílio dos próprios integrantes, da venda de materiais e comerciantes locais do bairro (Alto dos Pinheiros). Por isso, estamos com muita esperança de conseguir o auxílio esse ano, porque sem ele fica muito complicado”, completou.

Para acompanhar as novidades do Chega o Rei ou entrar em contato com a bateria, acesse as redes sociais do bloco.

Besourinhos

O público infantil também pode curtir o Carnaval 2025 de BH! Uma das opções que abraça todas as gerações é o bloco Besourinhos, que traz hits dos Beatles em ritmo de folia. Além da bateria, o bloco também tem a banda e os sopristas (saxofonistas, trombonistas e trompetistas, por exemplo), que completam a melodia britânica com tempero mineiro.

Os ensaios ainda não começaram, mas estão previstos para novembro. Serão três meses com calouros e veteranos se encontrando semanalmente, como explicou Mateus Jacob, regente da bateria. Para estarem na rua em 2025, é preciso participar de, ao menos, 70% dos ensaios. Já quem nunca tocou também pode aprender nas oficinas ministradas pela organização do Besourinhos, que começaram antes. “Não abrimos espaço só para chegar e tocar no dia, sem proximidade com o bloco ou sem participar de nenhum ensaio, mas a maioria dos que se inscreveram estão começando do zero”, explicou Mateus.

Neste ano, são 40 novatos integrando a bateria do Besourinhos. Os ensaios são abertos ao público, e o primeiro deles será em 10 de novembro, na Autêntica. Siga o bloco nas redes sociais para acompanhar o calendário.