Os últimos momentos da folia na capital mineira contaram com mais uma edição do Arrastão de Carnaval do Humaitá Cultura. O Carnaval de BH encerrou oficialmente neste domingo (9 de março), e a 5ª edição do evento trouxe para as ruas do Floresta atrações que evidenciam a força da cultura popular. Além de celebrar mais um ano, o projeto fechou o Carnaval com chave de ouro, inaugurando o seu ponto cultural, onde fica a sede da iniciativa, no bairro Floresta.
Fundado em 2017, o projeto Humaitá Cultura surgiu de pesquisas sobre as culturas populares e tradicionais brasileiras. Atualmente, é reconhecido como Ponto de Cultura ele oferece cotidianamente cursos de percussão, dança, sessões de cinema, seminários e exposições. Anualmente, no Carnaval, o projeto realiza o Arrastão, trazendo para o centro das apresentações artistas que se conectam com a essência do projeto, valorizando artistas locais.
Este ano, o cortejo começou às 15h em frente à sede do Humaitá Cultura e contou com 10 apresentações. Além de música, o evento teve outras intervenções culturais, como apresentações de dança de ritmos do oeste africano, contação de histórias e intervenções teatrais. O time de apresentações contou com apresentações de Ilé Asé Olömí, Quasecia, Wontanara Brasil, Terno do Binga, Ita, Magna Oliveira, Ludmilla Ferreira (Atlântica Banda), Jonatah Cardoso, Esther Maria, Flávia Mendes e Gustavo Bequadro.
Segundo Pedro Gontijo, coordenador do Humaitá Cultura e mestre em Geografia Cultural pela UFMG, o projeto se dedica à salvaguarda e valorização das culturas populares e tradicionais que constroem o Carnaval da cidade. Gontijo explica que o Carnaval de BH utiliza elementos do samba-reggae da Bahia, do samba das escolas de samba do Rio de Janeiro, dos maracatus de Pernambuco, entre outras culturas. A intenção do arrastão, segundo ele, é dar a devida valorização de esses mestres que promovem essa cultura o ano todo, colocando-os no centro da festa.
"Achamos importante, ao nos apropriar dessa cultura, que isso seja feito da forma mais respeitosa possível. Precisamos dar os créditos a quem é devido e criar um vínculo real com essas pessoas, para que tenha um lastro histórico. Caso contrário, vira uma usurpação. A apropriação que falo é no sentido de propriedade, é importante termos propriedade sobre as coisas. Então, esse é o nosso foco", afirma Gontijo.