O princípio de universos em constante expansão é essencial para uma cosmogonia que busque explicar o solar Carnaval de Belo Horizonte - ainda que em dias nublados e com alguma chuva, como na manhã desta segunda (24).
À medida que cresce, a folia ganha mais e mais blocos. Alguns deles, ramificações de um primeiro, mas que, logo, ganham vida própria.
É o caso do Havayanas Usadas, criado por ex-membros do Baianas Ozadas - o cortejo de ambos aconteceu na manhã de hoje.
No caso do Havayanas, que neste ano se concentrou na avenida dos Andradas, no bairro Pompeia, a expansão foi tamanha que o bloco chegou ao Nordeste brasileiro.
Com o tema Maria Bonita Mandou Te Chamar, “estamos homenageando esse pedaço de Brasil, sua força, sua resistência, sua cultura popular. Tudo ao embalo de muito xote e muito forró”, explica o artista Marcelo Veronez, um dos organizadores.
Chuva não atrapalha, mas sol ajuda
A chuva pouco incomodou os estimados 105 mil foliões, que seguiam o bloco Havayanas Usadas por volta das 11h, no início do cortejo, segundo dados do Corpo de Bombeiros.
A aposenada Leli Pereira, 63, por exemplo, dispensou a capa de chuva e se colou nas cordas para aproveitar cada segundo do desfile.
“Está melhor do que no ano passado. E a chuva não está atrapalhando em nada, está é abençoando!”, insistiu ela, aprovando os dizeres da cantora Vi Coelho, que, enquanto animava o trio elétrico, provocou: “Quem aqui é de açúcar?”.
Mais tarde, no entanto, a artista voltou a falar do clima entre uma música e outra. Dessa vez, para saudar o ainda tímido sol, que aparecia enquanto as nuvens se dispersavam e o céu se abria. A resposta do público, claro, foi solar.
Veja vídeo do cortejo:
Saindo no bairro Pompeia, em BH, o Havayanas Usadas arrasou uma multidão pela avenida dos Andradas. Sente como foi o clima!#carnavalbh2020 #carnavalizabh #havayanasusadas pic.twitter.com/TXwY1jjcYF
— O Tempo (@otempo) February 24, 2020
Convidado baiano anima público
Já assistiu a “Bacurau”? Se sua resposta for um sonoro sim e, se estava no cortejo do Havayanas Usadas, então, provavelmente, se lembrou de um dos personagens chave da obra. É que o cantor e compositor baiano Coral, um dos convidados para apresentação no trio elétrico, fazia lembrar Lunga em sua marcante androginia tropical.
O artista, que está em BH para uma gravação, disse ter se sentido honrado com o convite e elogiou a escolha do tema, a homenagem ao nordeste. “Nestes tempos, é fundamental lembrar toda a luta e resistência, que são parte do que é ser nordestino”, afirmou, enquanto encontrava um espaço para observar a quadrilha que os passistas do Havayanas Usadas faziam - em mais um diálogo com um elemento marcante da rica expressão cultural dessa região do país.