BRASÍLIA - O ministro da Defesa, José Múcio, enviou um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que não seja obrigado a prestar depoimento no inquérito que investiga o suposto plano de golpe de Estado após as eleições de 2022. Ele foi indicado a falar como testemunha de defesa do tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, que é réu e suspeito de ter monitorado o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.

Segundo informações do portal g1, Múcio enviou a Moraes uma petição em que argumenta “desconhecer” os fatos investigados pelo STF e denunciados pela Procuradoria-Geral da República. O depoimento do ministro do governo Lula está marcado para a semana que vem.

"O requerente informa que desconhece os fatos objeto de apreciação na presente ação penal, motivo pelo qual requer o indeferimento da sua oitiva na qualidade de testemunha", diz o documento.

O réu Rafael Martins de Oliveira compõe o que a PGR chama de “núcleo 3” da suposta organização criminosa que teria tentado dar um golpe após as eleições. Ele fazia parte dos “kids pretos” e, ao lado de mais dois militares, teria liderado ações de campo voltadas ao monitoramento e neutralização de autoridades.

Os depoimentos dos núcleos 2, 3 e 4 do inquérito começaram nesta segunda-feira (14) e irão até até o dia 23 de julho. No total, podem ser ouvidas mais de 100 testemunhas indicadas pela PGR, que faz a acusação, e pelas defesas dos acusados. 

De acordo com o cronograma, os primeiros depoimentos serão das testemunhas da acusação. Em seguida, no mesmo dia, será ouvido o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que fechou acordo de delação premiada. Depois, acontecem os depoimentos das testemunhas de defesa.

Os depoimentos são comandados pelo juiz Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, e não podem ser gravados pela imprensa e pelos advogados que acompanham as audiências. Testemunhas com prerrogativa de foro (senadores, deputados e outras autoridades) puderam escolher o dia e o horário para depor.

Saiba quem são os acusados do núcleo 3 

O núcleo 3 é composto basicamente por militares, entre eles, os chamados "Kids pretos", do Batalhão de Comandos Especiais do Exército. Entre as ações do grupo estava o plano de atentado contra autoridades, chamado de “Punhal Verde e Amarelo”, que seria executado após as eleições presidenciais de 2022.

Além disso, teriam atuado para pressionar o Comandante do Exército e o Alto Comando a aderir à suposta trama golpista. De acordo com a denúncia da PGR, são eles:

Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, como comandante do Comando de Operações Terrestres (COTER), teria aceitado coordenar o emprego das forças terrestres conforme as diretrizes do grupo. 

Os "kids pretos" Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo e o policial federal Wladimir Matos Soares teriam liderado ações de campo voltadas ao monitoramento e neutralização de autoridades. 

Bernardo Romão Correa Netto, Cleverson Ney Magalhães, Fabrício Moreira de Bastos, Márcio Nunes de Resende Júnior, Nilton Diniz Rodrigues, Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros e Ronald Ferreira de Araujo Junior teriam promovido ações táticas para convencer e pressionar o Alto Comando do Exército a consolidar o golpe.