Feitos com muita segurança. É assim que o coordenador do transplante de fígado da Santa Casa BH, Agnaldo Lima, classifica a doação e recepção de órgãos em Minas Gerais. A fala, que tranquiliza a população, vem após a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro confirmar, nesta sexta-feira (11 de outubro), que seis pessoas testaram positivo para HIV depois de receberem órgãos transplantados. A situação é inédita no Brasil.
“O procedimento padrão em Minas Gerais tem funcionado esses anos todos com muita segurança. Os exames são feitos em laboratórios de confiança. É preciso investigar o que houve no Rio de Janeiro, mas a questão não é a segurança dos exames, porque ela existe”, diz ele.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) esteve no laboratório responsável por ter feito os exames relacionados ao transplante no Rio de Janeiro e descobriu que o local não tinha kits para realização dos exames de sangue, além de não ter apresentado notas fiscais da compra dos itens. Conforme informações da Agência Brasil, isso levantou suspeitas de que os resultados teriam sido forjados.
“Os exames para doação de órgãos e de sangue são calibrados para serem muito sensíveis. É mais fácil ter um falso positivo do que um falso negativo. Tudo é feito para a proteção de quem vai receber. Os órgãos são supertestados”, diz o médico.
Conforme Lima, a população pode ficar tranquila. “Depois que os familiares efetuam a doação de órgãos, os testes são feitos para HIV e várias enfermidades, como doença de chagas e hepatite. Isso é algo feito rotineiramente, de extrema responsabilidade”, afirma.
Janela imunológica
O coordenador do transplante de fígado da Santa Casa BH afirma que é possível o exame dar negativo em função da janela imunológica, mas isso é algo raro de acontecer e não deve ser o caso do Rio de Janeiro.
“Existe a janela imunológica. A pessoa contrai uma infecção e faz o exame logo depois de ter contraído. Então, o resultado dá negativo, porque ela não tem os anticorpos para serem detectados. Mas isso não é frequente”, diz ele.
O Brasil faz transplantes desde 1968, e é a primeira vez que o país registra esse tipo de ocorrência. Neste ano, o país ultrapassou 14 mil procedimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) somente no primeiro semestre.