Há cinco anos, moradores da rua Amaraji, no bairro São Gabriel, região Nordeste de Belo Horizonte, se sentem abandonados e com medo. Em frente ao número 128, há um barranco que, segundo a população local, está cedendo e coloca em risco a pista onde passam os veículos. A prefeitura de Belo Horizonte afirma que já notificou o proprietário do lote onde está o barranco e que um projeto para a contenção de encostas já está em desenvolvimento.

Moradores locais relatam a O TEMPO que o problema começou em 2019, quando a encosta deslizou devido às chuvas fortes. Na ocasião, uma parte da calçada foi "engolida" pelo barranco. Desde então, a comunidade da região pede uma obra de contenção no local, mas até o momento ela não foi realizada. 

"Tem uns três anos que estou entrando com processo administrativo da prefeitura para ver se resolve, mas esse projeto até hoje não apareceu. Eu pergunto aos órgãos competentes se estão esperando acontecer um desastre, que seria a queda de algum veículo aqui no buraco ou então do barranco puxar as moradias que estão aqui ao redor. Não é só o risco da rua desmoronar. A vida das pessoas está em risco", diz o aposentado Joaquim José Alves, de 69 anos. 

Segundo os moradores, como solução paliativa, o poder público coloca uma lona preta sobre o barranco, para que a água das chuvas não penetre o solo. Além disso, uma espécie de meio-fio foi construída no local para tentar impedir que a água role do asfalto para a encosta. Mas a medida, além de não agradar os moradores, ainda estaria causando outro problema: dificuldades no trânsito local, que é movimentado. 

"A rua já é estreita e com esse meio fio, esse ponto aqui ficou ainda mais. O trânsito fica totalmente complicado, um tem que esperar o outro passar", afirma a vendedora Mônica Fernandes Soares, de 57 anos.

A operadora de caixa Thaís Alves, de 25 anos, que mora bem em frente ao trecho, afirma que a medida deixou o trânsito um caos. Ela diz que a rua recebe tráfego de duas linhas de ônibus, vans escolares e pais que levam as crianças de carro e de moto, já que há uma escola há poucos metros do local.

Por perto também há uma empresa de transporte de carga, o que faz com que muitos caminhões trafeguem pela via. "Fica literalmente um caos, causou mais problemas, porque teve acidentes, teve batidas de carro e motoqueiros já chegaram a cair. E aqui também passam muitas crianças, por ser perto de uma escola", reclama a moradora. 

Thaís ainda denuncia que o local está abandonado e se tornou uma fonte de doenças como dengue e, com o entulho acumulado na encosta, também aumentou a presença de animais peçonhentos na região. “A gente tem criança dentro de casa, tem casos de muito escorpião, barata, rato, a gente não fica em paz em casa. Na minha eu já encontrei dez escorpiões. A gente não dorme, a gente se sente abandonado”, desabafa. 

Posicionamento

Procurada pela reportagem, a prefeitura de Belo Horizonte afirmou que a encosta está em um lote particular e que já notificou o proprietário sobre o problema. A PBH também disse que já aprovou a inclusão do local no Projeto de Obras para a construção de uma contenção de encosta. "Atualmente  está na fase de desenvolvimento do projeto", diz o executivo municipal em nota. Confira abaixo a nota completa da PBH:

"A Prefeitura de Belo Horizonte esclarece que se trata de uma encosta em lote particular e o proprietário já foi acionado pela equipe de fiscalização.

Como a via pública está em risco, a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (SMOBI) aprovou a inclusão no Plano de Obras para contratação de estudos e projetos para a contenção da encosta. Atualmente  está na fase de desenvolvimento do projeto. 

Em relação ao trânsito, a Rua Amaraji é contemplada com sinalizações como placas de regulamentação de velocidade de 30km e 40km/h, de proibições de estacionamento em um dos lados da via, além de quatro redutores de velocidade na altura dos números 40, 100, 136 e 197. Neste último, além do redutor, há placas de advertência para a área escolar, de presença de pedestres na via e demarcação de locais de veículos escolares.

As sinalizações ao longo da rua têm o objetivo de alertar, advertir e induzir a redução de velocidade na via e reforçar a importância de os condutores trafegarem com direção defensiva, tomando todos os cuidados para evitar acidentes e garantir a segurança de todos".