Em dez meses, Belo Horizonte já registrou, em 2024, mais do que o dobro de ondas de calor de 2023. Conforme dados da Defesa Civil, neste ano foram oito, sendo que a última delas continua em atuação e provocou um calor de 36,2ºC na tarde desta quinta-feira (3 de outubro) — o dia mais quente do ano. Alguns dos fenômenos estão associados ao El Niño, que impactou o clima até meados deste ano. Para o próximo ano, no entanto, a projeção é de mudança, com mais chuvas e frentes frias.

Apesar do número maior de ondas de calor em 2024, os episódios em 2023 foram mais intensos, explica o meteorologista Ruibran dos Reis. Prova disso é que o dia mais quente deste ano, registrado nesta quinta-feira, sequer entra na lista dos dez dias mais quentes do ano passado, quando a capital registrou recorde de calor em toda a série histórica, iniciada em 1910, quando se iniciaram as medições do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Em 25 de setembro do ano passado, os termômetros atingiram 38,6ºC.

“No ano passado, tivemos três ondas de calor, mas elas foram mais intensas. Além do recorde em Belo Horizonte, tivemos Araçuaí, que registrou a maior temperatura da história do Brasil, com 44,8ºC. Neste ano, tivemos o outono e o inverno mais quentes, o que facilitou as ondas de calor, mas não foram tão intensas como as do ano passado”, explica.

A onda de calor em atuação em Belo Horizonte deve perder força nesta sexta-feira (4). Para sábado (5), há previsão de chuva isolada, conforme o Inmet. Segundo Ruibran, ao longo da próxima semana, as temperaturas voltam a subir, mas, no outro fim de semana, outra frente fria deve provocar chuva e redução das temperaturas.

Menos ondas de calor no próximo ano

Se de setembro do ano passado até outubro deste ano Belo Horizonte contabiliza mais de dez ondas de calor, a projeção para o próximo ano é de redução desses episódios. Isso se deve à atuação do fenômeno oposto ao El Niño: a La Niña. Enquanto o primeiro provoca o aquecimento do oceano Atlântico na linha do equador, o segundo faz o oposto. Em Minas Gerais, o impacto da La Niña são chuvas mais constantes.

“Vamos ter redução das ondas de calor. Com a La Niña, as frentes frias chegam com mais facilidade”, explica Ruibran.

“Vamos ter uma primavera e um verão mais chuvosos. Bastante chuva é esperada para novembro e dezembro. No ano passado, praticamente não tivemos chuva até dezembro”, esclarece Ruibran, ressaltando, ainda, que o aquecimento global é um dos fatores do calor presenciado em Belo Horizonte ao longo dos últimos meses.