Poucas horas após a Prefeitura de Belo Horizonte anunciar um aumento de quase 10% no valor da passagem dos ônibus da capital, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL/BH) se posicionou contra a medida. Conforme a análise do setor do comércio e serviços de BH, o reajuste irá prejudicar o planejamento administrativo e financeiro das empresas, bem como afetar o poder de compra da população. De fato, o acréscimo é praticamente o dobro da inflação nacional dos últimos 12 meses (4,87%). 

“Solicitamos ao Executivo que houvesse um aviso prévio de, pelo menos, 30 dias para que os comerciantes pudessem se adequar ao novo preço da passagem. Infelizmente, isso não aconteceu e chegamos ao fim do ano sendo prejudicados por esses reajustes. Os lojistas da capital que, em sua maioria, são de médio e pequeno porte, terão que arcar com custos que não estavam previstos”, afirma o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.

De acordo com ele, além do impacto imediato nos caixas das empresas, o reajuste também deve limitar futuros investimentos. “À medida que o comerciante tem um aumento de custos e manutenção de seu negócio, ele precisa realocar verbas para conseguir manter o funcionamento básico, como é o caso do transporte dos funcionários. Nesse cenário, ele deixa de investir em outros pontos, como expansão, valorização do colaborador e, até mesmo, abertura de novos postos de trabalho”, explica.

Aumento da passagem vai onerar bolso dos moradores

O dirigente Marcelo de Souza e Silva pondera, ainda, que o reajuste na passagem dos ônibus vai influenciar o poder de compra da população. “Já vivemos um cenário onde as famílias estão mais cautelosas em relação ao consumo em função do aumento dos preços de diversos produtos, inclusive os de cesta básica. Com este novo aumento da passagem, o orçamento fica mais apertado e as pessoas tendem a reduzir o consumo, o que prejudica o desempenho do comércio, que é o principal gerador de empregos da cidade”, enfatiza Souza e Silva.

A CDL/BH destaca que o constante aumento do valor da passagem de ônibus provoca outras fragilidades na cidade, dentre elas o abandono do uso do transporte público por parte da população e o aumento de carros particulares em circulação. 

“Com a passagem mais cara, mais pessoas tendem a adquirir um veículo próprio, em especial motocicletas, que são mais baratas, e isso piora o trânsito e também aumenta o número de acidentes. Por consequência, o gasto dos hospitais públicos com o atendimento a essas vítimas também cresce. Em outro ponto, temos a animosidade da população em relação ao poder público e suas decisões. As pessoas sentem que, por mais que ela conteste e manifeste sua insatisfação com o transporte público, o valor do serviço é cada vez maior e a qualidade segue caminho contrário”, afirma o dirigente.

Aumento da passagem 

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) anunciou, nesta sexta-feira (27 de dezembro), o valor do reajuste das passagens de ônibus na capital para 2025. A partir da próxima quarta-feira (1º de janeiro), os usuários terão que desembolsar R$ 5,75 para os trajetos de coletivos de linhas convencionais e do Move. O valor representa uma aumento de 9,52% – no momento, a tarifa está a R$ 5,25.