Uma denúncia anônima levou a Polícia Militar e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ao Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, e possibilitou que Ronaldo Nobre dos Santos, o ‘Coxinha’, de 44 anos, fosse preso pelas forças de segurança nesta terça-feira (23 de julho). O criminoso, condenado a 22 anos, 6 meses e 1 dia de prisão pela prática de estupro, homicídio, roubos, furtos e ameaça, estava foragido desde 2018, quando deixou o sistema penitenciário após receber o benefício da ‘saidinha’. Ao longo dos anos, ‘Coxinha’ seguiu praticando crimes, utilizando documentos de um primo.

“Recebemos na ouvidoria do MPMG uma denúncia, às 10h30 desta terça, de que uma pessoa com as características de Ronaldo dos Santos havia dado entrada no João XXIII sem identificação. Fizemos contato com o Batalhão de Choque e, em uma força especial, abordamos o cidadão”, informou o promotor Marcos Paulo de Souza Miranda, coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias Criminais de Minas Gerais.

Ao ser abordado, 'Coxinha' alegou que havia caído de uma árvore e necessitava de atendimento médico. “Ele chegou com muitos traumas, porém é difícil sustentar a versão dele. Ronaldo está sob efeito de medicamentos e sentindo dores, por isso, está com dificuldade em narrar os fatos. Não sabemos quando ele terá alta, mas a equipe está fazendo a escolta. Não sabemos como ele chegou ao hospital: se foi socorrido por populares ou pelo Samu”, afirmou o capitão Romeu Bessa, comandante de Companhia do Batalhão de Choque.

Tatuagem 'entrega' criminoso 

Sem a identificação do paciente, um fator foi determinante para que as autoridades soubessem que se tratava de ‘Coxinha’: uma tatuagem. “Uma das vítimas nos informou que ele tem um tridente nas costas. Foi possível constatar isso nele e, de fato, se tratava da pessoa que procurávamos”, ponderou Miranda.

‘Coxinha’ estava foragido do sistema penitenciário desde 2018, quando teve a progressão do regime para o semiaberto e foi beneficiado com a saidinha. Nas ruas, o criminoso usou o documento de um primo para se passar por outra pessoa e seguir praticando crimes.

“Em fevereiro de 2023, ele foi preso em flagrante praticando um roubo no bairro Floresta. Ele se apresentou com um nome falso, foi condenado com esse nome falso e começou a cumprir pena. Quando teve, então, direito à saída temporária, ele fugiu”, contou a promotora Paloma Coutinho.

As autoridades conseguiram localizar a pessoa por quem 'Coxinha' se passava e, após a realização de exames, constatou-se que ela era inocente. A pena atribuída ao familiar foi repassada ao criminoso.

A promotora Paloma ainda destacou que Coxinha é um “cidadão sem suporte familiar”. “O estupro pelo qual ele foi condenado pela primeira vez foi praticado contra uma tia. Os laços familiares dele são rompidos. Isso trazia dificuldade para a prisão. Nós víamos pelos relatos das vítimas e boletins de ocorrência que ele é um indivíduo de alta periculosidade, principalmente para as mulheres da região Oeste de Belo Horizonte”, complementou.

MPMG Busca

Coxinha foi preso menos de 24 horas depois de passar a integrar a lista do MPMG Busca, programa que visa a localização de foragidos da Justiça. 

“O programa tem um total de 15 foragidos, sendo que nove já prendemos e seis ainda são buscados. Quem tiver informações sobre o paradeiro deles pode denunciar à Ouvidoria do MPMG pelos telefones 127 e (31) 3330-9504 ou ainda pela página da Ouvidoria no portal do MPMG. A denúncia é sigilosa”, esclareceu o promotor Miranda.