Welbert de Souza Fagundes, de 25 anos, que é acusado pelo assassinato do sargento Roger Dias, baleado na cabeça em janeiro deste ano durante uma abordagem ao suspeito, que estava em saída temporária, foi condenado nesta quinta-feira (25 de julho) a 10 anos e seis meses de prisão. O motivo da condenação foi o roubo de um veículo, cometido instantes antes do homicídio e que motivou a abordagem que terminou com a morte do militar.
A decisão foi proferida pela juíza Patrícia Vieira Cellis, da 6ª Vara Criminal de Belo Horizonte. O roubo aconteceu no dia 5 de janeiro de 2024, quando o homem abordou sua vítima usando um revólver, levando seu celular, cartões bancários e um carro. A vítima relatou no processo que Fagundes a ameaçou, dizendo "saia antes que eu te dê um tiro na cara".
O homem foi reconhecido pela vítima por meio de uma reportagem na televisão, que exibia uma foto sua relacionada à morte do sargento da PM. A vítima o identificou pelas tatuagens e fisionomia, e posteriormente tornou a reconhecê-lo pessoalmente, na delegacia.
A juíza destacou ainda a importância do depoimento da vítima, que foi corroborada por outras provas, como imagens de câmeras de segurança que registraram a ação de Fagundes. "As declarações prestadas pela vítima são coerentes, firmes e harmônicas, indicando que o réu, de forma agressiva e ameaçando-a com uma arma de fogo, subtraiu seu veículo e seus pertences pessoais", afirmou a magistrada.
Nesta semana, a defesa do homem divulgou que Fagundes começou a ser avaliado por um perito para produção de um laudo de insanidade mental paralelo ao que será feito pela perícia da Polícia Civil. O escolhido é Hewdy Lobo, mesmo perito que avaliou Adélio Bispo de Oliveira, autor da facada ao então presidenciável Jair Bolsonaro, em 2018.
Juíza manteve regime fechado por "reincidência"
Para decidir pela condenação e aumento da pena do suspeito, a juíza destacou que ele é reincidente, com quatro condenações anteriores por crimes patrimoniais e hediondos. "O acusado é multirreincidente [...] possui quatro condenações penais definitivas por fatos anteriores, também por delitos de natureza patrimoniais", ressaltou.
"Por se tratar de crime hediondo, o cumprimento da pena
privativa de liberdade deverá ser em regime inicialmente fechado", concluiu a juíza Patrícia Vieira Cellis. A defesa de Fagundes ainda pode recorrer da decisão.
Relembre o caso
O sargento da Polícia Militar Roger Dias da Cunha, de 29 anos, foi baleado durante uma perseguição a dois suspeitos, na noite de uma sexta-feira (5 de janeiro), no bairro Novo Aarão Reis, na região Norte de Belo Horizonte. Ele foi atingido por três disparos. Vídeo de câmeras de segurança flagraram o momento em que o agente é atingido na cabeça.
Segundo informações da PM, guarnições do 13º Batalhão perseguiam um carro na Avenida Risoleta Neves, quando o motorista teria perdido o controle da direção e batido contra um poste. Após o acidente, os suspeitos desceram do carro e continuaram a fuga a pé.
Um deles foi alcançado pelo sargento. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o militar se aproxima do suspeito e dá ordem de parada, mas é surpreendido pelo criminoso, que saca uma arma e atira à queima-roupa contra o policial. Ele estava foragido da prisão, após saidinha de Natal, o que motivou uma discussão sobre o benefício em nível nacional.
O vídeo mostra que o agente cai na sequência. Em seguida, militares chegam ao local e socorrem o colega, que foi levado ao Hospital João XXIII, na região Centro-Sul da capital. Mas, dias depois, teve a morte cerebral confirmada. O militar doou os órgãos.