A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu, nesta quinta-feira (25 de julho), o inquérito que apurou as denúncias contra a dentista Camilla Groppo, de 26 anos. Ela foi indiciada pelos crimes de lesão corporal leve e grave e por uso de documento falso. Conforme a instituição, a mulher teria feito 21 vítimas, que tiveram infecções após passarem por lipos de papadas em Belo Horizonte.
Camilla era investigada por supostos erros registrados durante procedimentos estéticos, o que teria resultado em um surto de bactérias, causando graves infecções nas pacientes.
Agora, o inquérito policial será remetido à Justiça para as providências legais cabíveis.
Em nota, a defesa da dentista afirmou que no tempo oportuno os fatos serão devidamente esclarecidos e que "qualquer conclusão nesse momento será meramente especulativa e temerária".
A defesa também ressalta que a dentista tem conduta ilibada e que "se resguarda ao direito de se manifestar no momento processual adequado sobre o que for necessário".
"Além disso, se coloca desde já à disposição da justiça, colaborando no que for
necessário para restabelecer o sentimento de paz e segurança", diz.
O que se sabe sobre a doença?
O TEMPO conversou com o médico Adelino Melo, que é presidente da Sociedade Mineira de Infectologia. De acordo com o especialista, esse microrganismo pode ser encontrado em diversos espaços, tais como casas, hospitais, clínicas, entre outros. Porém, segundo o infectologista, essas micobatérias possuem dificuldade de contato com o organismo humano. O que pode ser facilitado por meio de um procedimento cirúrgico, como exemplifica o médico.
O que é a micobatéria?
De acordo com o médico Adelino Melo, essa é uma bactéria com características específicas. "Embora seja da mesma família das bactérias causadoras da tuberculose, não é a mesma. Elas estão nos ambientes em que convivemos, mas geralmente não nos afetam", explica.
Como elas se desenvolvem?
Segundo o infectologista, essas micobactérias se desenvolvem em ambientes úmidos. "São bactérias que crescem na água. Por isso, muitos dos casos têm relação com esse processo de esterelização", detalha.
Como ocorre a infecção?
As infecções, segundo o médico, estão quase sempre restritas a pacientes que se submeteram a algum procedimento estético, seja em clínicas, consultórios e hospitais. "Não é uma infecção que você se depara no dia a dia. Geralmente está associada a esses procedimentos médicos, que facilita a invasão dela ao organismo humano", indica.
A infecção é perigosa?
Adelino avalia que as infecções podem ser perigosas, mas, em sua maioria, não ameaçam a vida. "Podem trazer impactos graves nas questões estéticas, como marcas definitivas, cicatrizes, entre outros. Porém, o risco de morte é muito baixo", afirma.
Como é o tratamento?
O médico infectologista considera o tratamento como complexo. Isso porque, segundo ele, além do longo período, o tratamento demanda uma combinação de medicamentos.
"São três ou quatro tipos de remédios associados. É algo que dura meses, já que possui uma resposta lenta e gradual. Não é como uma infecção de pele que você trata em uma semana, só com um medicamento", destaca.
Como prevenir?
Conforme o especialista, esse é um cuidado primordial para o profissional que atua em consultórios, clínicas, hospitais, entre outros. A principal forma de evitar a infecção, segundo ele, é seguir as determinações da Anvisa em relação aos procedimentos de esterilização dos materiais.
"É preciso usar o equipamento adequado, a solução com a concentração correta, dentro do prazo de validade. Para a população, é importante buscar informações sobre esse profissional, sempre optando por alguém que tenha boa reputação e bom histórico", finaliza.