Em uma postagem nas suas redes sociais, o governador Romeu Zema (Novo) criticou, na manhã desta quinta-feira (29 de agosto),a manifestação favorável do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pela transferência para um hospital psiquiátrico de Welbert de Souza, de 26 anos, acusado de matar o sargento Roger Dias da Cunha. O militar foi atingido por um tiro na cabeça ao realizar a abordagem ao suspeito, em janeiro deste ano, no bairro Novo Aarão Reis, na região Norte de Belo Horizonte. 

"Lugar de assassino é na cadeia! É um absurdo que o promotor do caso aceite a defesa de insanidade do criminoso que matou o sargento Dias, nosso herói. Ele deu a vida pela nossa segurança e agora o promotor permite esse tipo de manobra jurídica?! Uma VERGONHA", escreveu Zema no X, antigo Twitter.

A defesa do preso, representada pelo advogado Bruno Torres, havia solicitado a transferência com base em um relatório que indicava a presença de sintomas psicóticos graves. O documento foi elaborado pelo mesmo psiquiatra responsável pela análise de Adélio Bispo, autor do atentado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Veja a postagem do governador: 

O relatório psiquiátrico aponta que Welbert de Souza sofre de transtornos mentais e comportamentais graves, relacionados ao uso de múltiplas drogas e outras substâncias psicoativas, além de esquizofrenia paranoide. A avaliação foi realizada de forma telepresencial no dia 16 de julho de 2024 e indicou que, apesar do tratamento na unidade prisional, o réu continua apresentando sintomas psicóticos ativos, evidenciando a gravidade de seu quadro clínico.

O MPMG foi procurado por O TEMPO, mas ainda não se posicionou sobre as críticas feitas pelo governador. 

Promotor alvo das críticas

A decisão favorável do MPMG pela transferência foi assinada pelo promotor de justiça Francisco de Assis Santiago, responsável pelo caso, que foi alvo das críticas do governador nesta quinta. Na manifestação, o servidor do órgão de Justiça afirmou que as ponderações e documentações apresentadas pela defesa justificam o deferimento do pedido de internação psiquiátrica.

Agora, cabe ao Judiciário analisar o pedido de transferência. A defesa do réu espera que a Justiça siga o parecer do MPMG e autorize a internação. Vale ressaltar que o Judiciário já aceitou a realização de um exame de incidente de sanidade mental, que deve ocorrer no próximo mês. 

Caso a insanidade mental seja reconhecida pela Justiça, o homem poderá ser declarado inimputável, o que significa que ele não seria julgado como plenamente responsável por seus atos. Nessa hipótese, a legislação prevê que o acusado seja internado para tratamento psiquiátrico, ao invés de cumprir pena em regime comum.

O crime

O sargento da Polícia Militar Roger Dias da Cunha, de 29 anos, foi baleado durante uma perseguição a dois suspeitos, na noite de uma sexta-feira (5 de janeiro), no bairro Novo Aarão Reis, na região Norte de Belo Horizonte. Ele foi atingido por três disparos. Vídeos de câmeras de segurança flagraram o momento em que o agente é atingido na cabeça.

Segundo informações da PM, guarnições do 13º Batalhão perseguiam um carro na Avenida Risoleta Neves, quando o motorista teria perdido o controle da direção e batido contra um poste. Após o acidente, os suspeitos desceram do carro e continuaram a fuga a pé.

Um deles foi alcançado pelo sargento. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o militar se aproxima do suspeito e dá ordem de parada, mas é surpreendido pelo criminoso, que saca uma arma e atira à queima-roupa contra o policial. Ele estava foragido da prisão, após saidinha de Natal, o que motivou uma discussão sobre o benefício em nível nacional.

O vídeo mostra que o agente cai na sequência. Em seguida, militares chegaram ao local e socorreram o colega, que chegou a ser levado ao Hospital João XXIII, na região Centro-Sul da capital. Mas, dois dias depois, teve a morte cerebral confirmada. O militar doou os órgãos.