A defesa do homem de 26 anos acusado de assassinar o sargento Roger Dias, da Polícia Militar (PM), pediu a transferência do réu para um hospital psiquiátrico. A solicitação é baseada em um laudo recente, assinado pelo psiquiatra forense Hewdy Lobo Ribeiro, conhecido por ter conduzido a avaliação de Adélio Bispo, autor do atentado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro em 2018.
Conforme o laudo, o réu apresenta sintomas psicóticos graves, mesmo estando em tratamento na unidade prisional. As principais hipóteses diagnósticas incluem esquizofrenia paranoide e transtornos psicóticos induzidos por substâncias. A avaliação aponta a necessidade urgente de revisão do tratamento.
A defesa do acusado, representada pelo advogado Bruno Torres, já havia sinalizado a preocupação com o estado mental do réu. Desde o início das investigações, foram relatados episódios de confusão mental, alucinações auditivas e um quadro clínico que levantou suspeitas sobre a sanidade do acusado.
O laudo, emitido em 7 de agosto de 2024, recomenda que o acusado seja transferido para um ambiente hospitalar, onde possa ser submetido a exames complementares e uma revisão completa do seu projeto terapêutico individual. A equipe médica que assina o documento destaca que, apesar de intervenções terapêuticas prévias, o quadro do réu continua a se agravar, representando risco tanto para ele quanto para terceiros.
Impacto no processo
A conclusão do exame psiquiátrico pode alterar significativamente o rumo do processo criminal. Caso a insanidade mental seja reconhecida pela Justiça, o homem poderá ser declarado inimputável, o que significa que ele não seria julgado como plenamente responsável por seus atos. Nessa hipótese, a legislação prevê que o acusado seja internado para tratamento psiquiátrico, ao invés de cumprir pena em regime comum.
Relembre o caso
O sargento da Polícia Militar Roger Dias da Cunha, de 29 anos, foi baleado durante uma perseguição a dois suspeitos, na noite de uma sexta-feira (5 de janeiro), no bairro Novo Aarão Reis, na região Norte de Belo Horizonte. Ele foi atingido por três disparos. Vídeo de câmeras de segurança flagraram o momento em que o agente é atingido na cabeça.
Segundo informações da PM, guarnições do 13º Batalhão perseguiam um carro na Avenida Risoleta Neves, quando o motorista teria perdido o controle da direção e batido contra um poste. Após o acidente, os suspeitos desceram do carro e continuaram a fuga a pé.
Um deles foi alcançado pelo sargento. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o militar se aproxima do suspeito e dá ordem de parada, mas é surpreendido pelo criminoso, que saca uma arma e atira à queima-roupa contra o policial. Ele estava foragido da prisão, após saidinha de Natal, o que motivou uma discussão sobre o benefício em nível nacional.
O vídeo mostra que o agente cai na sequência. Em seguida, militares chegam ao local e socorrem o colega, que chegou a ser socorrida até o Hospital João XXIII, na região Centro-Sul da capital. Mas, dias depois, teve a morte cerebral confirmada. Os órgãos do militar foram doados.